12 de Setembro, 2025 09h09mEntrevistas por ANDREI GRAVE

Ex-secretário do COMAJA faz balanço de gestão e defende alternativas para a infraestrutura regional

João Schemmer relembra avanços no consórcio e destaca nova fase profissional

Em entrevista, ex-secretário do COMAJA relembra projetos como o Banco da Terra e o início do consórcio regional de saúde. Hoje no setor privado, aposta em solução americana para bases de estradas com custo 75% menor que o tradicional.

João Ernesto Jung Schemmer, ex-secretário executivo do COMAJA (Consórcio de Municípios do Alto Jacuí e Alto da Serra do Botucaraí), fez um amplo balanço de sua trajetória à frente da entidade, destacando conquistas em áreas como saúde, cultura e infraestrutura. Hoje atuando no setor privado, ele defende o uso de novas tecnologias para enfrentar desafios antigos na manutenção de estradas rurais.
“Passei 25 anos servindo a região, sempre tentando ousar, buscar soluções reais para problemas do setor público e privado”, afirmou. Uma das primeiras iniciativas que marcaram sua atuação foi a criação do Banco da Terra, ainda nos anos 90. Segundo ele, a proposta surgiu da indignação com a dificuldade que pequenos agricultores tinham para acessar crédito. “Achei injusto que um trabalhador urbano pudesse financiar um carro, mas um agricultor não conseguisse comprar um pedaço de terra”, relatou.
O projeto virou política nacional durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e João esteve diretamente envolvido em sua estruturação. “Conseguimos resolver a vida de mais de mil famílias. Não foi só um benefício, foi uma solução definitiva.”

A saúde como prioridade no COMAJA
João destaca que o COMAJA nasceu da necessidade dos municípios reduzirem custos com medicamentos e, depois, passou a assumir a oferta de serviços médicos especializados. “Começamos produzindo remédios básicos e depois percebemos que poderíamos ampliar. Exames, consultas, fisioterapia, tudo começou a ser contratado via consórcio.”
Ele explica que o consórcio funciona como um complemento ao SUS. “O recurso sai do município, mas o consórcio permite agilidade e custo menor. A tabela de preços é definida com base em pesquisas e negociações com os profissionais da região”, comentou. Em alguns casos, o valor pago chega a ser seis vezes maior que a tabela do SUS, devido à escassez de determinados especialistas.
O ex-secretário alerta, porém, para o risco do uso excessivo do consórcio:

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“É preciso auditar os encaminhamentos. Hoje, cerca de 30% dos exames feitos pelo SUS sequer são retirados pelos pacientes. Isso gera um custo altíssimo e desnecessário.”

Infraestrutura e o legado das rodovias
Outro capítulo marcante da sua gestão foi a articulação regional para viabilizar o asfaltamento das rodovias ERS-506, ERS-510 e ERS-451. “Esse sonho tem mais de 30 anos. Reuniões, promessas de governadores, e nada acontecia. Até que a região se uniu e construiu uma proposta técnica viável”, contou.
Segundo João, a proposta envolvia aquisição de insumos pelos municípios e execução via Exército, mas acabou evoluindo para um modelo de licitação pública com apoio do Governo do Estado. “Foi um exemplo de planejamento regional. Trabalhamos mais de um ano e meio nisso, com apoio técnico do COREDE, cooperativas e prefeitos.”

Nova etapa: tecnologia para estradas do interior
Após deixar o COMAJA, João passou a atuar no setor privado com foco em tecnologias de base para estradas rurais. Ele representa uma empresa que importa dos Estados Unidos um aditivo estabilizador de solo, utilizado para formar bases compactadas e duráveis. “É uma tecnologia desenvolvida pelo Exército americano, capaz de transformar o solo natural em uma base forte para pavimentação. Com 1 litro do produto é possível tratar 150 metros quadrados de estrada.” Municípios já adotam a solução em estados como Paraná e Mato Grosso, e há testes positivos em cidades como Não-Me-Toque. “Com R$ 25 o metro quadrado, conseguimos uma base pronta para receber asfalto ou calçamento. No método tradicional, esse custo passa de R$ 100.” Além de reduzir a poeira e o barro, o produto elimina a necessidade constante de encascalhamento e reduz impactos ambientais. “A solução já foi usada até pelo Exército em pistas de pouso na Amazônia, em áreas sem nenhuma estrutura”, pontua. João defende que os municípios da região adotem esse tipo de tecnologia como alternativa econômica e eficiente. “Hoje, um prefeito comemora se fizer 2 km de asfalto por mandato. Precisamos sair do modelo de enxugar gelo e investir em soluções mais duradouras.”

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