
Uma trajetória marcada por família numerosa, simplicidade, lucidez e pela força de uma mulher que atravessou geraçõe
Há histórias que se escrevem devagar, no compasso da vida simples, nos gestos repetidos ao longo dos anos, na mesa sempre posta para quem chega e no afeto que se multiplica entre filhos, netos, bisnetos e trinetos. A história de Jovelita Oliveira Mendes é uma dessas. Aos 86 anos, completados com lucidez, alegria e a força tranquila que sempre a acompanhou, ela viu sua casa no bairro Floresta encher-se novamente da família que construiu com amor — a maior prova de que sua trajetória segue viva em cada geração.
Nascida no Rincão Seco e neta de Júlio Rosa, inspetor de Ibirubá e nome de uma das avenidas mais tradicionais da cidade, Jovelita cresceu carregando consigo o espírito comunitário que marcou sua vida. Casou-se com Nestor Mendes, com quem criou 11 filhos, além de dois filhos do coração que acolheu após a perda das mães. Hoje, a família já ultrapassa cinquenta descendentes — e todos reconhecem nela a referência maior, o porto seguro, a mulher de fé, coragem e simplicidade que sustentou a casa e manteve os laços sempre apertados.
Entre risadas e lembranças, ela falou sobre a juventude no interior, os anos de trabalho duro, o fogão a lenha que aquecia as manhãs frias, a criação firme dos filhos homens e a convivência que moldou o bairro Floresta. Com memória afiada, contou histórias, brincou com os filhos e resumiu sua caminhada com ternura: “Minha maior alegria sempre foi ver todos juntos, ver cada um crescendo, criando a própria família e voltando para perto de mim”.
A apresentação dos filhos foi um dos momentos mais simbólicos do encontro. Um a um, Jovelita citou nomes, idades e os apelidos que atravessaram décadas dentro da família — uma marca afetiva que explica a essência divertida e unida dos Mendes. A composição completa é a seguinte:
Carlos Otávio – “França” – 69 anos | Clóvis Mendes – “Carijó” – 68 anos | Jorge Luiz – “Taquara” – 66 anos | Júlio Mendes – “(único sem apelido)” – 63 anos | Sérgio Mendes – “Valeta” – 65 anos | Carlos Alberto – “Betão” – 62 anos | José Antônio – “Tonheco” – 61 anos | Cláudio Mendes – “Piranha” – 58 anos | Marcos Tadeu Mendes – “Pique” – 56 anos | Luiz Fernando – “Fua” – 49 anos | Filhos do coração: Grizzo e Alemão
Os apelidos foram lembrados entre gargalhadas: histórias de infância, travessuras, preferências por roupas “de pano mais fino”, comer sem barulho ao“mastigar”, pulos no telhado e artes que marcaram a casa cheia — mas sempre harmoniosa. “Graças a Deus, nunca precisei ir na polícia por causa deles”, disse, arrancando risos da família inteira. Ao falar das noras, Jovelita foi direta: “Graças a Deus, me dou bem com todas. Quero todos bem. Filhos, noras, netos, bisnetos”. E completou revelando outro orgulho: neste ano, ganhou dois bisnetos e já contabiliza também trinetos na linha do tempo familiar.
A celebração dos 86 anos não foi apenas uma reunião. Foi o retrato vivo de uma história que começou no interior, cresceu no bairro Floresta e hoje inspira Ibirubá inteira. Uma história que segue sendo escrita todos os dias, no amor que une a família Mendes e na figura serena de Jovelita Oliveira Mendes — matriarca cuja vida simples se transformou em exemplo de força, fé e pertencimento.
s.





















