
Em mais de quatro décadas dedicadas ao futebol amador, Gilberto Jorge Dupont construiu uma carreira marcada por títulos, lealdade e amizades duradouras
Conhecido por gerações de torcedores e jogadores, Gil é uma das figuras mais emblemáticas do futebol amador do Alto Jacuí. Natural de Selbach, ele trilhou um caminho de superação e paixão pela bola, passando por diversos clubes da região, onde conquistou títulos, respeito e, sobretudo, amizades.
“O futebol me deu muito mais que vitórias, me deu amigos. Sempre fui correto, nunca joguei para machucar. Acredito que isso é o que mais marcou minha carreira”, resume Gil.
Ele, que teve passagens destacadas por equipes como Juventude de Ibirubá, São José, Guarani de Floresta e o tradicional Canarinho de Selbach, nasceu em 1963 no interior de Santa Teresinha, em Selbach. Desde pequeno, frequentava os campos da comunidade aos fins de semana, jogando peladas com amigos. Aos 10 anos, sua família saiu do interior, para residir na cidade. O pai, professor, foi uma referência importante na formação dos filhos.
“Eu era franzino, fraco fisicamente. Não podia bater de frente com os atacantes, então aprendi a me antecipar. Me tornei um zagueiro técnico.”
A estreia em campeonatos foi em 1979, no Canarinho. Logo no primeiro ano, foi campeão. No ano seguinte, foi para o Guarani e repetiu o feito. A partir dali, sua fama de zagueiro seguro e disciplinado se espalhou pela região. Em 1983, fez parte do time júnior da SASE que conquistou o título estadual. Entre os companheiros, nomes como Mauro Zanata e Jorge Knob. “Foi uma época inesquecível. A gente treinava todo dia porque não tinha celular, bar, nada. Só campo de futebol.”
Seu estilo de jogo sempre foi marcado pela técnica e pelo fair play.
“Não lembro de ter sido expulso em Ibirubá. Nunca dei pontapé de maldade. Preferia antecipar a jogada. Me espelhei muito no Mauro Galvão.”
O preparo físico sempre foi prioridade. Mesmo fora dos treinos, fazia corridas e exercícios por conta própria.
Sua passagem pelo Juventude de Ibirubá durou cerca de 10 anos, entre o fim dos anos 1980 e meados dos anos 1990. Foi trazido por Nelson Nicolodi e Kappaun.
“Jogar no Juventude era como jogar no Grêmio ou Inter. Era um privilégio.”
Posteriormente, atuou pelo São José, onde também conquistou títulos e consolidou uma grande amizade com Vanderlei Santos, o Vande.
“Ele me chama de irmão. Sempre me deu moral e confiou no meu futebol.”
Entre as muitas histórias, destaca-se a conquista pelo Guarani de Floresta, em um campeonato onde quase ficou fora da final por causa de uma combinação de resultados.
“Tava indo embora do jogo que ia decidir a nossa classificação. Quando ouvi o gol do adversário, voltei correndo. No fim, fomos campeões e teve passeata até o trevo de Selbach.”
Gil também se destacou como batedor de pênaltis.
“Nunca errei um pênalti em competição. Eu treinava muito. Dava dois passos e batia seco, sempre no canto direito.”
Além do campo, jogou futsal por equipes como 15 de Novembro e participou de campeonatos municipais em Selbach.
Após pendurar as chuteiras, foi coordenador do DMD de Selbach por oito anos. Em sua oficina mecânica segue recebendo clientes e amigos.
“O futebol me deu tudo: amigos, memórias, valores. Se eu pudesse deixar um recado para os jovens, diria: respeitem a bola. Treinem, se dediquem e mantenham a humildade. O resto vem com o tempo.” finaliza.