
A história de Eleandro Augusto da Silva começa no interior de Ijuí, atravessa décadas dedicadas ao estudo, ao sacerdócio, à comunicação e à vida comunitária, e se reinventa em um novo propósito: inspirar pessoas por meio da gratidão. Em entrevista, ele compartilhou sua trajetória, memórias profundas, as dores e libertações que o conduziram ao presente, e o projeto que agora o move como palestrante.
Nascido na comunidade de Vila Mauá, no interior de Ijuí, Eleandro foi criado no meio rural até os 14 anos e recorda com carinho as vivências como filho de pequenos agricultores, as raízes que ainda o sustentam e o orgulho dos pais ao vê-lo trilhar um caminho raro dentro da família: foi o primeiro a concluir o ensino superior.
Deixou o interior após receber o convite dos agentes vocacionais que visitavam as comunidades para identificar jovens com interesse no seminário. Assim começou uma mudança profunda em sua vida. Estudou no seminário de Pejuçara, concluiu o ensino médio e seguiu para a formação sacerdotal: Filosofia em Viamão, Teologia em Santo Ângelo, habilitação em História, Psicologia e Filosofia.
Em 18 de novembro de 2000, foi ordenado padre — data que, caso não tivesse deixado o ministério, marcaria 25 anos de sacerdócio.
Durante 13 anos atuou na Igreja Católica: seis anos como pároco em Pejuçara, dois anos dedicados às vocações, juventude e catequese atendendo toda a Diocese de Cruz Alta, e mais seis anos como pároco da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Ibirubá.
“Foram anos de grande aprendizado, acolhida e crescimento como pessoa. Tudo o que sou hoje devo à minha história”, afirmou.
A mudança veio quando se deparou com uma profunda crise vocacional ao conhecer aquela que viria a ser sua esposa. O conflito entre a vida religiosa e o desejo de constituir família o levou à terapia — um processo de nove meses que o ajudou a compreender, ressignificar e tomar uma decisão definitiva. Pediu dispensa do ministério sacerdotal e encarou a difícil missão de comunicar a decisão às lideranças paroquiais.
“Foi um momento de muita emoção, pela responsabilidade com a comunidade que me acolheu tão bem”, recordou.
E abriu portas para uma nova etapa. Eleandro atuou por mais de 11 anos na comunicação da Cotribá, construindo relações sólidas, desenvolvendo projetos e aprimorando sua capacidade de falar em público — habilidade que, segundo ele, não nasceu pronta. “A gente treina tanto que, um dia, as pessoas passam a achar que você sempre teve talento. Mas elas não sabem quantas vezes enfrentamos o medo.”
Hoje, casado e pai de Francisco e Antônio, Eleandro vive uma fase de plenitude. A fé permanece, agora vivida de forma mais íntima, sem o ministério. E essa transformação pessoal tornou-se a base de um novo propósito: levar às pessoas uma reflexão profunda sobre a gratidão.
Desde setembro, Eleandro se dedica integralmente à atividade de palestrante, com um tema central: “Gratidão – um novo olhar sobre a vida.”
A palestra reúne sua trajetória, experiências pessoais, estudos recentes e referências de grandes nomes da psicologia, filosofia e espiritualidade. Inclui música, histórias, recursos visuais e técnicas que conectam emocionalmente o público.
A inspiração ganhou ainda mais força após sua participação no Congresso Internacional da Felicidade, em Curitiba. Eleandro voltou convencido de que empresas, instituições e pessoas precisam urgentemente redescobrir sentido, propósito e humanidade no cotidiano.
A mensagem que ele leva para grupos empresariais e eventos de fim de ano tem sido acolhida com entusiasmo. Eleandro reforça que pequenas mudanças de percepção transformam ambientes de trabalho, reduzem estresse, fortalecem vínculos e melhoram o bem-estar geral.
“Só tem louça para lavar quem tem comida no prato. Só paga IPVA quem já conquistou um carro. Só tem que acordar cedo quem tem um emprego.”
— trecho de uma canção que ele utiliza para provocar reflexão.
Na entrevista, destacou também o impacto positivo da gratidão nas empresas que investem em capital humano, citou estudos, experiências vivenciadas na Cotribá e práticas adotadas por cooperativas e grandes organizações. “Toda pessoa é um ser integral. Ela não deixa seus problemas na porta da empresa. Por isso, cuidar das pessoas é cuidar do próprio futuro de qualquer organização.”
Eleandro também compartilhou exemplos emocionantes do valor do reconhecimento, como a história de um call center que dobrou resultados depois que seus colaboradores ouviram o depoimento real de um estudante bolsista beneficiado pelo trabalho deles.
Com o violão como companheiro, histórias reais e emoção presente em cada palavra, Eleandro tem levado uma mensagem forte, humana e transformadora.
E deixa claro: o propósito não termina em dezembro. “Gratidão não é para o fim de ano. É para todos os dias. Quanto mais agradecemos, mais as bênçãos descem sobre nós.”
Seu novo projeto inclui palestras completas, mensagens para confraternizações, encontros com equipes, formações e treinamentos voltados à saúde emocional e ao fortalecimento das relações humanas.
“Quero ajudar as pessoas a encontrarem leveza, significado e alegria no próprio caminho. A vida inteira me preparou para isso.”
Ao final da entrevista, foi impossível ignorar a enxurrada de comentários de carinho, respeito e admiração enviadas por ouvintes da região, de outras cidades e até do exterior. Amigos, ex-paroquianos, colegas e familiares ressaltaram a sabedoria, humildade e sensibilidade do palestrante.
E assim se desenha a nova trajetória de Eleandro Augusto da Silva: uma história que começa no interior de Ijuí, passa por escolhas difíceis, renúncias, reconstruções e reencontros — e que agora se transforma em missão de vida. Uma missão guiada pela fé, pela coragem de mudar e, acima de tudo, pela gratidão.





















