
Durante o programa Momento Estrela Guia com Nilve Maldaner Mendes, a médica obstetra e ginecologista Dra. Juliana Mariotti trouxe uma conversa esclarecedora sobre a importância da prevenção, do autocuidado e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Ela destacou que o Outubro Rosa é um lembrete, mas que o olhar para si mesma deve ser diário.
Durante o programa Momento Estrela Guia, a médica obstetra e ginecologista Dra. Juliana Mariotti trouxe uma conversa esclarecedora sobre prevenção, cuidados com a saúde feminina e a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Com uma linguagem acessível e humana, ela destacou que o Outubro Rosa é um lembrete, mas que o autocuidado deve ser um compromisso diário.
“Falar sobre prevenção é falar de amor próprio. Detectar precocemente salva vidas, mas o cuidado começa muito antes dos exames — começa com nossos hábitos, pensamentos e emoções”, destacou.
Segundo a médica, o câncer de mama continua sendo o que mais mata mulheres no mundo, e os fatores de risco vão além da genética. “Apenas 10% dos casos são hereditários. Os outros 90% têm relação direta com o estilo de vida, como alimentação, consumo de álcool, tabagismo, obesidade e sedentarismo. O maior fator de risco hoje é a inatividade física”, explicou.
Ela reforçou que manter o corpo em movimento é essencial:
“O Ministério da Saúde recomenda 150 minutos de atividade física por semana. Não é preciso virar atleta, basta se mexer, caminhar, dançar, cuidar da casa com alegria. O corpo foi feito para o movimento, e o sedentarismo adoece”.
Juliana também ressaltou o papel das emoções na saúde física, um tema ainda pouco abordado na medicina tradicional. “Há uma relação direta entre as emoções e as doenças. Às vezes, uma mulher desenvolve câncer após passar por uma perda, um trauma, uma separação ou outro conflito interno. O exame pode estar normal, mas o corpo está gritando por ajuda. Precisamos entender que emoções mal resolvidas também adoece o corpo”, afirmou.
Ela reforçou que aceitar, se perdoar e se permitir viver com leveza são atitudes que fortalecem a saúde: “Hoje vivemos no automático. Acordamos, trabalhamos e esquecemos de nos olhar. Precisamos parar e perceber o que realmente importa. Muitas doenças poderiam ser evitadas se as pessoas aprendessem a lidar melhor com suas emoções”.
A ginecologista também destacou a importância da alimentação natural e consciente, lembrando que o básico continua sendo o mais eficaz. “Arroz, feijão, carne, frutas, legumes, mandioca, saladas — é disso que o corpo precisa. O problema é que estamos cada vez mais afastados da comida de verdade. Comemos muito, mas nos alimentamos pouco. É comum encontrar pessoas com excesso de peso e desnutridas ao mesmo tempo”, alertou.
Ela lembrou ainda que o ato de se alimentar deve ser um momento de pausa. “Não adianta comer saudável e fazer tudo correndo, com a cabeça cheia de problemas. A digestão começa na mente. A forma como comemos influencia nossa saúde”, disse.
Ao longo da conversa, a Dra. Juliana abordou também o tema da menopausa e do climatério, fases que ainda despertam dúvidas e preconceitos. “Hoje as mulheres vivem mais e passam um terço da vida na menopausa. Antigamente, morria-se aos 45 anos — não havia menopausa. Agora, com 80, 90 anos, precisamos aprender a envelhecer com saúde e dignidade”, afirmou.
Segundo ela, a reposição hormonal, quando bem indicada, pode trazer inúmeros benefícios. “Durante anos, mulheres deixaram de fazer reposição por medo, após um estudo mal conduzido há mais de 20 anos. Hoje sabemos que, com os hormônios certos e sob orientação médica, é possível reduzir riscos cardiovasculares, osteoporose e até doenças cognitivas, como o Alzheimer. A falta de estradiol, por exemplo, tem ligação com a perda de memória e com doenças degenerativas.”
Juliana lembrou que muitas mulheres chegam ao consultório com sintomas que vão além do físico. “Muitas dizem: ‘não me reconheço mais’. A menopausa traz mudanças emocionais profundas. Há irritabilidade, queda de libido, insônia, ansiedade, sensação de desânimo. Por isso, o tratamento deve ser integral: envolve corpo, mente e espírito. Não é só repor hormônio, é aprender a se cuidar de forma completa.”
Ela também destacou a importância do acompanhamento contínuo e não apenas consultas isoladas. “Hoje trabalhamos com acompanhamentos progressivos. Primeiro ajustamos um ponto — alimentação, atividade física, exames — e depois evoluímos para o próximo passo. Mudar a vida leva tempo e exige constância”, disse.
A médica lembrou ainda que o cuidado com a mente é fundamental: “As mulheres que envelhecem melhor são aquelas que têm a cabeça boa. As que dançam, jogam cartas, saem com as amigas, participam de grupos e vivem com alegria. A saúde mental é tão importante quanto a física.”
Outro ponto abordado pela entrevista foi a importância da saúde masculina, já que o programa também se aproxima do Novembro Azul. “O homem precisa aprender a se cuidar. Ele não tem o hábito de fazer consultas preventivas. Só vai ao médico quando está doente. Mas cuidar-se é também um ato de amor. O clínico geral pode ser o primeiro passo, e o acompanhamento regular pode evitar doenças”, destacou.
Ao final da entrevista, a médica reforçou a importância da prevenção como caminho para uma vida mais duradoura. “Envelhecer é um privilégio. Primeiro eu cuido de mim, para depois poder cuidar dos outros.”






















