
Na esquina da Rua 25 de Julho com a Rua 13 de Maio o tempo parece andar mais devagar. Entre balcões e o perfume das flores que decoram o ambiente, a Comercial Altmayer guarda seis décadas de história. Um símbolo da persistência de Pedro e Maria Altmayer, casados há 61 anos e referência de união e trabalho na comunidade.
Há 62 anos, a Comercial Altmayer ocupa a mesma esquina em Selbach, tornando-se um símbolo de longevidade do comércio local. Fundado em 1962 por Pedro Altmayer, hoje com 84 anos, o negócio familiar atravessa gerações e é mantido pelo fundador, sua esposa, Maria Shauren Altmayer, 80, e os cinco filhos do casal. Mesmo recuperando-se de uma cirurgia cardíaca recente, Pedro Altmayer segue recebendo clientes no balcão de madeira que ele mesmo construiu.
A história do comércio começou por incentivo do sogro de Pedro, Alfredo Shauren. Casados desde 1964, Pedro e Maria iniciaram o negócio focados no primeiro ofício do patriarca: a marcenaria.
“Começamos com madeira, móveis e aberturas. Era o que eu sabia fazer e me dei muito bem”, relembra
Pedro. Na época, o trabalho artesanal incluía a confecção de caixões, o que deu origem à Funerária Altmayer, que funcionou paralelamente por mais de 40 anos.
A fidelidade da clientela é um dos pilares da longevidade. “Os clientes de 60 anos atrás hoje são os netos e bisnetos, e isso nos enche de orgulho”, afirma Pedro, citando famílias tradicionais da região que frequentam o local há décadas.
A estrutura física da loja pouco mudou. O piso original e as prateleiras feitas pelo fundador são mantidos pelos filhos como forma de preservar a memória. “Tudo aqui foi feito por ele. O prédio, as janelas, o balcão. A gente mantém, porque é parte da nossa história”, explica a filha Eliane Altmayer, que hoje atua à frente do negócio.
Eliane conta que os filhos chegaram a seguir outras carreiras, mas retornaram para garantir a continuidade do legado. “Chegou um momento em que percebemos que precisávamos continuar o que os pais criaram. Ou a gente voltava, ou fechava as portas. E não queríamos que isso morresse.”
Atualmente, a loja mantém o estilo de "armazém", vendendo uma variedade de produtos, mas encontrou um novo foco. “Nosso forte agora são as flores”, diz Eliane. “Nós mesmos montamos os arranjos, galho por galho, flor por flor. O pai e a mãe sentam com a gente e ajudam.”
Dona Maria, presença diária no estabelecimento, aponta o segredo para 61 anos de casamento — que serão completados no próximo dia 31 de outubro — e 62 de empresa:
“A união é tudo. Sempre estivemos juntos, todos reunidos e trabalhando lado a lado”.
Os valores ensinados pelo fundador também são destacados pela família. “O pai sempre disse que ninguém é mais do que ninguém. Ele nos ensinou a respeitar as pessoas, a valorizar o trabalho e a simplicidade. É isso que faz a diferença”, conclui Eliane.
A dedicação ao trabalho persiste mesmo com as limitações da idade.
“Se a gente para, enferruja”, resume dona Maria.





















