
Ídolo do futebol amador, Maiquel Schifelbein participou do Baú do Esporte e relembrou os momentos mais marcantes de sua carreira — da infância na Linha Seis ao título municipal em 2005. Em entrevista sincera e divertida, falou sobre as partidas ao lado do irmão Marciel.
Maiquel Elias Schifelbein guarda no corpo as marcas de quem viveu o futebol de verdade. Volante de força, lealdade e fôlego invejável, ele passou por quase todos os clubes de Ibirubá. Mas mais do que títulos, foi a amizade construída em campo que ficou para sempre.
“Lá em casa, só se ganhava bola. Natal, Páscoa, Dia das Crianças… era sempre uma bola. Carrinho, caminhãozinho? Nada disso. Eu e o Marciel só queríamos jogar. O nosso campo era atrás da casa do vô. A goleira era feita com um forno velho de um lado e um poste do outro. Era o nosso Beira-Rio.”
O início no futebol organizado veio cedo. “Com 15 anos, jogava no aspirante do Botafogo. Um dia o principal ficou sem zagueiro e me chamaram. Joguei dois tempos no aspirante e mais dois no principal. Nunca mais saí. Daquele dia em diante, joguei só no principal, em tudo que é time.”
“Joguei em quase todos: São José, Florestal, Atlético, Águia Branca, Palmeiras, Hermany, Bangu, Triunfo, Estrela do Norte... Só não joguei no Revelação e no São Lucas. O resto, defendi todos. E o melhor foi isso: onde eu vou, o pessoal me chama pelo nome. Isso é o que a bola me deu.”
O título de 2005 pelo São José é um dos grandes momentos da sua trajetória. “Aquele time era uma seleção. Pedro no gol, Ortiz, André da Rosa, Macarini, eu, Gilinho, Pinheiro, Marciel, Caco... Na semifinal, metemos 6 a 0. Na final, 5 a 0 no Florestal. Eu fui escolhido o melhor em campo, mesmo sendo volante. Aquilo foi gigante.”
Maiquel também falou sobre a parceria com o irmão. “Primeiro eu puxava ele, depois ele virou referência pra mim. O Marciel foi, no auge, o melhor jogador de Ibirubá. Ele fazia tudo com a bola: batia falta, fazia gol de cabeça, tinha passe, tinha drible. Já eu era mais de contenção, de obedecer taticamente.”
Fora de campo, as histórias continuaram. “Teve a famosa marreta que eu peguei emprestada do Camargo, quando a gente estava ajudando a fazer a pista de motocross. Fiquei uns 15 anos com ela. Toda vez que ele me encontrava, cobrava. Hoje eu trouxe uma nova dentro da mochila, devolvi. Tá pago.”
Olhando para o cenário atual, ele não esconde a frustração, mas aposta as fichas na nova geração de atletas. “Hoje o jogador vai onde paga mais. Na nossa época, tu jogava por amor à camiseta. Corria pra ser chamado pro Greju. Hoje, perdeu-se a identidade.”
E encerra com gratidão: “A bola me deu tudo. Me deu amigos, respeito, lembranças. Se eu tivesse que agradecer, só diria: obrigado, bola.”