
É ali que Helmo Klahn e sua família preservam, ano após ano, um Natal fiel às memórias dos antepassados: pinheiro natural, velas presas por suportes centenários, enfeites herdados de avós e um presépio repleto de detalhes, construído com a paciência de quem carrega respeito pela história.
HElmo, que começou a montar presépios aos 12 anos, mantém viva essa herança desde que deixou a Vila Seca, em Ibirubá, levando consigo o hábito que aprendeu ainda criança. Hoje, aos 60 anos, ele completa 48 anos consecutivos montando o presépio — símbolo maior do seu Natal à moda antiga.
Ao receber visitantes, especialmente as escolas de Santa Bárbara do Sul, Helmo se emociona ao explicar a origem de cada peça. “A gente faz isso aqui com carinho, porque o Natal é luz, é família, é aquilo que vem dos nossos pais e avós”, disse. O pinheiro, sempre natural, é cultivado na própria propriedade. Brota novamente a cada dois anos do mesmo toco onde foi cortado, garantindo que a tradição continue sem interrupções. Os grampinhos que seguram as velas — lembrança de um tempo sem energia elétrica — ultrapassam um século de existência. “Esse aqui era da minha vó. Depois passou pra minha mãe e agora tá comigo. É coisa que não tem pra vender”, contou.
As bolinhas leves, frágeis, impossíveis de encontrar hoje no comércio, também pertencem ao acervo afetivo da família. “Antigamente era tudo muito simples, mas muito especial. Essas bolinhas de vidro quase não pesam na mão, e cada ano que eu coloco elas na árvore eu lembro do tempo da minha infância”, relatou. Para Helmo, manter essas peças em uso é uma forma de honrar quem veio antes. “Eu digo sempre: não é só enfeite. É história. É lembrança. É o que a gente carrega no coração.”
O presépio, porém, é a grande atração do espaço. Montado com areia, calcário, musgo colhido à beira de lagoas e peças improvisadas com objetos reciclados, ele retrata com fidelidade a geografia da época do nascimento de Cristo. “Eu monto assim porque foi assim que aconteceu. A manjedoura ficava fora da cidade, por isso eu separo tudo direitinho. Tem a cidade de Belém de um lado, a gruta dos animais do outro, o campo aberto e os pastores. Eu tento mostrar como era de verdade”, explicou. Fontes de água, grutas, animais soltos e currais rústicos dão o tom de um cenário pensado para manter viva a narrativa bíblica. “Quando eu comecei, lá pelos meus 12 anos, era tudo muito improvisado. Hoje consigo fazer algo mais completo, mas o espírito segue o mesmo.”
Ao lado desse cenário, a figura do Papai Noel ganha um espaço próprio — um acréscimo construído ao longo dos anos, mas sempre mantendo o presépio como centro da celebração. “Papai Noel é uma coisa bonita também, uma alegria pras crianças. Mas eu sempre deixo separado, porque o Natal, pra mim, é Cristo. É isso que eu quero mostrar aqui”, afirmou. Mesmo assim, o personagem faz parte da história da família: “Esse Papai Noel ali é antigo, de quando eu era pequeno. Ele tá sempre com nós aqui no Galpão.”
Essa união familiar reforça o propósito do espaço, que todos os anos atrai famílias, escolas e visitantes em busca de um Natal à moda antiga — simples e cheio de memória. “Eu faço porque gosto, me faz bem. E enquanto Deus permitir, vou continuar montando. É a minha forma de celebrar o Natal e de passar adiante o que eu aprendi”, concluiu.























