17 de outubro, 2023 09h10m saúde por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

Hesitação vacinal: a demora em aceitar as vacinas gratuitas

Esta semana fui convidado para participar do lançamento da Campanha de Multivacinação de 16 a 27/10/2023, promovida pelo Ministério da Saúde.

No atual cenário de baixa cobertura vacinal é preciso ser proativo e incentivar a vacinação
No atual cenário de baixa cobertura vacinal é preciso ser proativo e incentivar a vacinação

Esta semana fui convidado para participar do lançamento da Campanha de Multivacinação de 16 a 27/10/2023, promovida pelo Ministério da Saúde.

Campanha essa motivada pelas progressivas quedas das coberturas vacinais.
O assunto que me foi solicitado foi sobre hesitação vacinal, que é a demora em aceitar e/ou até recusar as vacinas disponíveis no calendário gratuito do Ministério da Saúde.
Esse não é um problema apenas brasileiro, pois, desde 2018 está elencado entre as 10 Ameaças à Saúde Global.  


A hesitação vacinal é um fenômeno complexo que vem variando ao longo do tempo.  Na pandemia, surgiu uma epidemia de informações precisas ou imprecisas que se disseminaram de forma rápida e abrangente como uma doença.


Assim, à medida que fatos, rumores e medos se misturaram e se espalharam, tornou-se difícil para as pessoas encontrarem fontes e orientações confiáveis.
Um estudo brasileiro avaliou a confiança e a hesitação em vacinar por parte dos brasileiros. O resultado deste estudo foi: a confiança geral na imunização maior que   nos serviços de emergência e agentes comunitários de saúde. Entre pais de crianças até 5 anos, 43,6% tem alta confiança na importância das vacinas; 21,3% hesitantes em vacinar, porém, dentre estes, 7,4% ainda declararam acreditar na importância das vacinas. Os motivos apontados com mais frequência para a hesitação em vacinar foram: falta de confiança na vacina (41,4%); não acreditam na eficácia/segurança das vacinas (25,5%) e preocupação com efeitos adversos (23,6%). O grupo mais jovem (<25 anos) se mostrou mais hesitante, enquanto os maiores de 60 anos foram mais propensos em aceitar a vacinação. A maior taxa de aceitação ocorreu entre as famílias com grau de escolaridade superior (81,6%), taxa decrescente naqueles com nível médio e primário. A hesitação em fazer a vacina pouco variou (62,1% a 65,5%), respectivamente, entre escolaridade básica e superior.

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Por outro lado, temos a hesitação dos profissionais de saúde que são motivadas por: falta de segurança na vacina e principalmente, potenciais efeitos colaterais, especialmente a longo prazo. Também o rápido desenvolvimento e autorização de uso emergencial das vacinas covid 19 causaram preocupação e desconfiança.
Sabe-se que a recomendação médica tem papel fundamental na adesão das pessoas à vacinação. Daí a importância dos médicos aderirem a essa campanha de multivacinação.


No contexto global, o Brasil apresentou uma taxa de aceitação da vacina covid 19 de 85,4%, estando na faixa dos países que mais vacinaram no mundo.
O antivacinismo é tão antigo quanto as vacinas. A vacina que foi usada para erradicar a varíola foi inventada a partir das lesões das tetas das vacas: um cientista (Jenner) observou que as pessoas que ordenhavam essas vacas, com lesões nas tetas (cowpox)  não pegavam a varíola. A partir desta observação, criou a vacina contra varíola, que foi um sucesso. Porém, na época surgiram caricaturas fake que mostravam pessoas germinando partes bovinas em seus corpos após a vacinação. No Brasil essa mesma vacina, em 1904, gerou uma revolta com adesão de várias políticos entre eles Rui Barbosa. E o motivo foi a insatisfação da população com a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola. Hoje, com a erradicação da varíola no mundo, graças justamente à vacinação obrigatória, essa vacina deixou de ser feita.
Na atualidade, com o conhecimento que temos sobre o benefício das imunizações por vacinas, nós, profissionais de saúde, devemos insistir na importância da vacinação na proteção da criança e da comunidade.


Trazer relatos, como aconteceu na entrevista coletiva de lançamento da campanha onde duas pessoas adultas que convivem com as sequelas da poliomielite (paralisia infantil) apresentaram seu depoimento. Também abordar os efeitos adversos como a dor no local da aplicação que é rápida e de baixa intensidade.
Construir confiança, sendo honesto sobre os possíveis efeitos adversos esperados e seu real impacto. Orientar como lidar com esses efeitos adversos e como notificá-los nas salas de vacinação, pois temos um sistema robusto de vigilância de eventos supostamente atribuídos à vacinação, o qual permite sua investigação e se necessário e a retirada do mercado.


Em Ibirubá, em 2022, houveram 6 eventos adversos investigados. Quase todos estiveram relacionados à vacina AstraZeneca; porém nenhum evento grave como miocardite ou embolia. Cabe ressaltar que esta vacina não está sendo aplicada.
Por fim, no atual cenário de baixa cobertura vacinal, é preciso ser proativos e incentivar a vacinação. Leve seus filhos nos locais de vacinação e colabore para garantir suas vidas livres das doenças imunopreveníveis. 
 

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