A expectativa da gauchada era grande para ver Axl Rose, Slash e Duff McKagan, os principais membros da formação original do Guns’n’Roses tocando juntos novamente. Foram 40 mil fãs, dentre eles vários vindos da Região do Alto Jacuí, que prestigiaram cantando, pulando e aplaudindo o espetáculo promovido pela banda na Arena do Grêmio na última segunda-feira (26).
O show em Porto Alegre faz parte da turnê pela América do Sul, e foi o último realizado no Brasil. Antes a banda passou por Manaus, Recife, Goiânia, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Florianópolis, Curitiba e São Paulo, e agora segue para Argentina, Uruguai, Chile, Peru e Colômbia.
Diversas excursões e caravanas organizadas passaram por Ibirubá, Selbach, Tapera e Espumoso, seguindo para a capital gaúcha rumo a show. Na chegada na Arena, os arredores já contavam com os tradicionais vendedores de camisetas e bandanas, barraquinhas de bebidas e lanches, além das milhares de pessoas vestidas de preto aguardando em longas filas. Com a abertura dos portões às 17h, rapidamente o público se acomodou no estádio e foi recebido pela banda Tokyo Drive, que abriu os trabalhos da noite.
Marcado para iniciar as 21h, eram 21h12min quando começaram os acordes de “It's so Easy”, primeira música dos grandes setlists da banda nas apresentações no Brasil. Foram três horas repletas de sucessos como “Sweet Child of Mine", “Patience”, “Live and Let Die”, "You Could be Mine", "Civil War", "November Rain" e "Paradise City que embalaram a apresentação cheia de energia.
Axl mostrou dedicação, se esforçando para cantar e dançar. O tempo e os buracos da estrada impedem que os resultados sejam os mesmos dos anos 80, mas o vocalista não decepcionou. Slash brilhou com seus solos de guitarra, principalmente com o riff de “Sweet Child of Mine", que seguiu com o coro de 40 mil pessoas arrepiadas cantando juntos um dos maiores sucessos da banda.
Paulo Camera, vocalista da Banda Velha, foi um dos Ibirubenses presentes no Show, e reforça que a expectativa para o show era muito alta considerando o tamanho da banda e seu repertório. A expectativa foi correspondida! “O show foi muito bom. A única preocupação era quanto à capacidade da voz do Axl, ainda mais por ser o último show da tour brasileira e a quantidade de músicas envolvida no setlist, que girava em torno de 25. Acabou que a voz dele suportou até que bem, não comprometeu nem desafinou tanto. E a banda tocou uma quantidade ainda maior de músicas: 28, em três horas de apresentação! Acho que quiseram se despedir bem dos brasileiros após tantos show e desconfiança. E o repertório atendeu à minha expectativa: claro que sempre falta um som aqui ou lá, mas ficou de ótimo tamanho. Gostei principalmente de November Rain, Estranged e Coma”.
O músico avaliou ainda o histórico e o futuro do Guns. “O Guns já foi mesmo a maior banda de rock do mundo, depois de lançar os dois volumes de Use Your Illusion. Foi no início da década de 90, época do Rock In Rio 2. Mas se perdeu na mania de grandeza logo depois, acontece com praticamente todas as bandas grandes: se não tem uma estrutura que concilie os negócios com os relacionamentos, implodem. Ao meu ver, hoje o Guns tenta retomar essa relevância: a voz do Axl definitivamente não é a mesma (nem os cabelos), mas a banda (destaque absoluto para o Slash) sustenta com muita qualidade o nível exigido. Pra tirar a prova do quanto ainda podem ir, só com um álbum novo”.
A volta pra casa nas excursões envolveu fãs emocionados e felizes, compartilhando os momentos deste que foi descrito por muitos como o melhor show que já participaram na vida.
Presença ilustre
Como enviada especial, não posso deixar de relatar uma experiência inusitada que me deixou muito feliz. Em meio ao espetáculo, na fila para pegar uma cerveja com copo promocional do show, vejo passando um artista talentosíssimo: Luiz Marenco, de bombacha, alpargatas e camiseta do Guns, que muito simpático parou para uma foto. O músico tradicionalista diz que “Só existe dois tipos de música, a boa e a ruim”, e com isso mostra a liberdade de ser eclético e aproveitar tudo de bom que a música nos traz!