Com as denúncias em pauta e as articulações políticas em andamento, a expectativa é de que os embates continuem a movimentar o cenário legislativo do município nos próximos meses.
O início dos trabalhos na Câmara de Vereadores de Ibirubá em 2024 tem sido marcado por intensos debates políticos e questionamentos sobre a transparência da gestão pública. A principal polêmica gira em torno das declarações do vereador Cristiano André da Silva, o Pinheiro(MDB), que, na sessão do dia 22 de janeiro, levantou suspeitas sobre contratos firmados pela administração municipal anterior. O caso gerou respostas contundentes, incluindo a manifestação de um empresário representando uma das empresas que foi citada por Pinheiro e também críticas de outros parlamentares.
A controvérsia culminou em um cenário de embates acalorados, que expôs não apenas disputas políticas, mas também desafios administrativos enfrentados pelo município. Agora, os vereadores entram em recesso legislativo, retornando às sessões somente no dia 6 de março, em um ambiente que promete novos desdobramentos.
Denúncias e reações: o início da tensão
Durante a sessão do dia 22, Pinheiro afirmou ter identificado supostas irregularidades em contratos da gestão passada, apontando possíveis inconsistências em pagamentos a empresas prestadoras de serviço. Entre os casos citados, estavam um contrato de R$ 320 mil assinado em novembro de 2023, cujo serviço, segundo o vereador, não teria sido comprovadamente executado, além de um contrato de 255 horas de serviço firmado nos últimos dias do ano, que, de acordo com o vereador, não poderia ter sido totalmente cumprido no tempo disponível.
“Precisamos de transparência. O dinheiro público deve ser bem empregado, e há indícios de que isso não aconteceu em alguns contratos. Se necessário, abriremos uma CPI para investigar”, declarou Pinheiro em entrevista para nossa reportagem.
As acusações ganharam repercussão imediata e levaram o empresário Maiquel Elias Schiefelbein a se manifestar publicamente na sessão seguinte. Ocupando a tribuna da Câmara, ele rebateu as alegações e apresentou documentos ao Ministério Público para comprovar que os serviços foram prestados.
“O serviço foi executado conforme solicitado pela administração anterior, principalmente para a limpeza do rio Pulador após as enchentes. Temos testemunhas e documentos que comprovam isso”, afirmou o empreendedor.
Ele também criticou o que chamou de exposição injusta da empresa e de sua família. “Usar a tribuna para atacar sem provas pode causar danos irreversíveis. A verdade será esclarecida”, disse.
Troca de farpas entre vereadores e disputa interna
A polêmica se intensificou quando o vereador André Ferreira, o "Canja" (PP), que foi secretário na gestão anterior, acusou Pinheiro de utilizar as denúncias como manobra política. Durante a sessão, Canja afirmou que a tentativa de desgaste à administração passada fazia parte de um jogo político nos bastidores.
Além disso, Canja revelou em entrevista para a nossa reportagem que foi procurado para participar de uma articulação para mudar a presidência da Câmara, o que segundo ele teria sido motivado pelo próprio Cristiano Pinheiro. Segundo ele, a movimentação buscava pressionar a prefeita Jaqueline para a distribuição de cargos prometidos a aliados.
O vereador também usou seu espaço para denunciar a falta de cestas básicas para famílias carentes no município, relatando o caso de uma mãe com três filhos pequenos que estava sem alimentos. Ele criticou a ausência da secretária de Assistência Social, Maria Ilani Henkes Lamb, que estava em viagem, e cobrou uma solução imediata da administração municipal. “A fome não espera. Essa situação precisa ser resolvida com urgência”, enfatizou.
Sobre esse assunto nossa reportagem entrou em contato com a Prefeitura que nos informou que "está sendo finalizada a compra emergencial, haja vista, a administração anterior não ter feito a programação para o mês de janeiro."
Recesso com clima de tensão e expectativa para o retorno
Com o encerramento das atividades legislativas antes do recesso, o cenário político em Ibirubá segue polarizado. Enquanto Cristiano Pinheiro defende a necessidade de investigações, os vereadores da oposição e empresários citados negam qualquer irregularidade e criticam a forma como as denúncias foram conduzidas.
A retomada das sessões no dia 6 de março, com uma solenidade em homenagem às mulheres, marcará o reinício do trabalho legislativo, mas os debates só devem retomar no dia 10 de março quando ocorre a primeira sessão ordinária do mês. Com as denúncias em pauta e as articulações políticas em andamento, a expectativa é de que os embates continuem a movimentar o cenário legislativo do município nos próximos meses.