07 de Novembro, 2025 09h11mIbirubá em destaque por JORNALISTA CRISTIANO LOPES

COEMPA destravou capítulo de 27 anos e agora projeta o futuro da área em Ibirubá

Terreno de 18 hectares poderá ganhar nova destinação após a regularização definitiva da matrícula

Presidente Argeu Pedrotti explicou a origem do conflito, a confirmação judicial da posse e os possíveis caminhos que se abrem após a regularização

O presidente da COEMPA – Comunidade Empreendedora Participações S.A., Argeu Pedrotti, explicou em entrevista que o imbróglio envolvendo a área de 18,67 hectares em Ibirubá nasceu na década de 1990, numa corrida contra o tempo em busca de uma grande indústria do leite para o município. Passadas quase três décadas, com a posse reconhecida judicialmente, o foco agora é a formalização cartorial da matrícula para então discutir com os acionistas qual será o destino final do terreno.

A história, segundo o presidente, tem que ser contada pelo lado verdadeiro: pela origem. Pedrotti lembrou que a COEMPA nasceu em 1995, dentro de uma visão comunitária que surgiu no Rotary e que buscava fomentar desenvolvimento em uma época de grande carência de empregos na cidade. “Nós tínhamos filas de pessoas pedindo vaga de trabalho”, recordou. “A COEMPA surge como uma alternativa comunitária. A ideia era juntar capital da própria comunidade para fomentar empresas, gerar ambiente de negócios e, com isso, produzir riqueza regional.”

Foi nesse cenário que, em 1998, Ibirubá entrou numa disputa regional por uma indústria. Havia pressa e havia pressão. Entre outras cidades concorrentes, como Tapera e Soledade, Ibirubá precisava apresentar uma área de terra disponível imediatamente. O município, à época, não tinha o recurso financeiro necessário. Então a COEMPA foi acionada. A comunidade colocou mais dinheiro, ampliou o número de ações, e a área de 18,67 hectares foi adquirida.

“Foi uma corrida contra o tempo. Não havia tempo para aquele processo longo, detalhado, com documentação modelar. A urgência era decisiva porque senão a indústria iria para outra cidade”, explicou Pedrotti.


A planta industrial que estava prevista não se instalou. O projeto não avançou. A decisão tomada na correria acabou gerando falhas documentais que empurraram todo o processo para a Justiça.

“Nós ganhamos judicialmente. Isso é um fato. A Justiça nos deu posse. Foi confirmado na primeira instância, depois no Tribunal, depois no Superior Tribunal em Brasília. Não há discussão sobre quem é o dono. A posse é da COEMPA há mais de 20 anos”, afirmou o presidente. “O que faltava era a matrícula estar regularizada em cartório.”

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Durante todos esses anos, a área continuou sendo explorada via arrendamento agrícola, gerando rendimento anual, e os valores foram preservados. Em 2024, por exemplo, cerca de R$ 43 mil ingressaram no caixa da COEMPA referentes à última safra. O tesoureiro, Walter Sehn, que está desde a fundação, tem sido o responsável por aplicar o recurso, acompanhado por um conselho de administração e por conselho fiscal. “Não é dinheiro perdido. Não é dinheiro desaparecido. Está lá. Foi guardado. Ele existe. E a área está hoje ainda mais valorizada do que quando foi adquirida”, destacou.
Porém, ao longo de tantos anos, houve também muita fantasia e muita expectativa equivocada. Pedrotti fez questão de reforçar isso de forma clara. “Muita gente achou que a COEMPA era como um banco. Que ia ter rendimento. Que ia ter devolução de valor. Mas não era isso. Era uma iniciativa comunitária para fomentar desenvolvimento”, afirmou.
Agora, com o capítulo jurídico sendo concluído e a matrícula prestes a ser regularizada, a COEMPA entra em nova fase. A próxima discussão será econômica, estratégica e comunitária. O conselho deve montar cenários. E os acionistas vão deliberar.

Pedrotti citou três caminhos possíveis:

Vender a área, capitalizar a COEMPA e decidir que destino dar ao recurso;

Desenvolver a área urbanisticamente, considerando o Plano Diretor que está em revisão, transformando num loteamento urbano ou numa área mista;

Colocar a COEMPA para fazer o que o estatuto de 1995 prevê: investir em empresas locais, com aporte de capital, consultoria empresarial, gestão estratégica, tecnologia de processos e metas de saída definidas, cumprindo seu papel como vetor de desenvolvimento.
O presidente também reforçou a responsabilidade coletiva que se carrega hoje. Houve quem contribuiu com dinheiro, houve famílias que perderam seus titulares e deixaram ações sem transferência. Há inventários a regularizar. Há acionistas que esperaram por muitos anos uma conclusão. “Hoje nós temos uma oportunidade de virar essa página de forma organizada. Mas é a comunidade que vai decidir. Não sou eu sozinho. Não é a diretoria sozinha. É a assembleia”, pontuou.
Ele reconheceu o peso histórico do processo. “Foram 27 anos de espera. Isso moldou gerações de expectativa. E nós precisamos agora trazer isso para o real: existe um patrimônio. Esse patrimônio é de todos os acionistas. A decisão do destino dele tem que ser madura e projetada para os próximos 20 anos de Ibirubá.”

Assembleia define ações futuras 
A Assembleia Geral Extraordinária confirmou, na noite de quarta-feira (5) junto a Câmara de Vereadores, a autorização dos acionistas para que a entidade avance juridicamente na compra e lavratura da escritura pública sobre a área de 18,67 hectares. Ficou aprovado que a COEMPA possui respaldo para efetuar a transmissão de matrícula e realizar o pagamento do ITBI, utilizando recursos próprios já reservados para o ato. Após a conclusão dessa etapa fundiária, novas assembleias devem ser convocadas para que os acionistas debatam os futuros empreendimentos previstos para o local.
 

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