Ibirubá promove neste sábado (18) o Dia D da Campanha de Multivacinação com presença do Zé Gotinha. Enfermeira Joice Marques alerta para baixa adesão e risco do retorno de doenças já erradicadas.
A campanha nacional de multivacinação mobiliza neste mês as unidades de saúde em Ibirubá para atualizar a situação vacinal de crianças e adolescentes. O Dia D será realizado no próximo sábado, dia 18 de outubro, com todas as unidades do município abertas ao público durante o dia. O objetivo é revisar e aplicar vacinas em atraso, orientar as famílias e garantir que a cobertura vacinal volte a atingir os índices considerados ideais. A ação contará com a presença do personagem Zé Gotinha, símbolo histórico da vacinação no Brasil.
Durante entrevista ao Jornal O Alto Jacuí, a enfermeira Joice Marques, responsável pela coordenação das campanhas de vacinação no município, fez um alerta à população ao apresentar os dados atuais da cobertura vacinal em Ibirubá.
“Hoje, de 21 vacinas destinadas a crianças com menos de um ano, nós atingimos a meta em apenas quatro delas. A meta do Ministério da Saúde é de 90% ou 95% de cobertura, e estamos muito abaixo disso”, informou. As únicas vacinas que atingiram esse índice foram a BCG, aplicada nos primeiros 30 dias de vida, o rotavírus, o reforço da tríplice viral e a pneumocócica. As demais, segundo ela, estão com baixa adesão e preocupam as equipes de saúde.
A profissional também demonstrou preocupação com os números da vacina contra a gripe. “Na campanha da influenza, o público prioritário dos idosos, que sempre respondia bem, ficou abaixo dos 60% de cobertura. No público geral, não atingimos nem metade. Isso tem consequências diretas no aumento das internações por doenças respiratórias. Em relatórios recentes, os problemas respiratórios aparecem como a principal causa de internação no município”, detalhou Joice.
Ela lembrou que o objetivo da campanha não é aplicar uma vacina específica, como já ocorreu em anos anteriores, mas atualizar a carteira vacinal conforme o calendário vigente.
“Cada pessoa será avaliada individualmente. Quem estiver com alguma dose em atraso, receberá a vacina no momento. Se estiver com tudo em dia, a gente orienta quando será a próxima aplicação. É muito importante que a população leve todas as cadernetas que tiver em casa. Muitas vezes a criança tem duas, o adolescente outra, e algumas famílias perderam parte do histórico por conta da pandemia ou mudanças no sistema de registro”, explicou.
Joice destacou que há casos em que a pessoa pode receber mais de uma vacina no mesmo dia. “Se forem quatro vacinas e não houver nenhuma contraindicação, aplicamos todas. Às vezes dá para fazer duas num braço e duas no outro. Quando necessário, organizamos o retorno para concluir as doses com intervalo mínimo de 15 dias. A equipe de vacinadores avalia cada situação com responsabilidade”, afirmou.
A campanha também reforça a importância de imunizantes que voltaram ao centro das preocupações, como a vacina contra o sarampo. “Temos monitoramento constante junto ao hospital e aos prontuários. Se surgir qualquer caso suspeito, precisamos garantir que o paciente esteja protegido. Sarampo está voltando, e isso nos obriga a revisar cada carteira com cuidado. O mesmo vale para o HPV, que protege meninos e meninas de 9 a 14 anos contra tipos de vírus relacionados ao câncer. Hoje é uma dose única, e os estudos já comprovam a eficácia”, reforçou.
A enfermeira também respondeu às dúvidas frequentes sobre possíveis reações e a segurança das vacinas. Ela reforçou que o processo de desenvolvimento é criterioso e que, no caso da vacina contra a COVID-19, a rapidez se deu por causa do grande investimento em estudos que já estavam em andamento. “A vacina da COVID não foi feita do zero. Já existiam pesquisas avançadas. O que aconteceu foi uma concentração de esforços e recursos que possibilitou a finalização e testes em tempo recorde. Foram mais de 8 mil voluntários testados antes da distribuição em larga escala”, esclareceu.
Segundo Joice, combater a desinformação ainda é um dos grandes desafios da equipe de saúde. “Infelizmente, a gente precisa gastar energia desmentindo informações falsas e tentando convencer pais e responsáveis a levar seus filhos ao posto. É tempo que poderíamos estar usando para avançar mais”, desabafou. Ela citou ainda casos em que até mesmo profissionais de saúde, fora do município, desaconselham a vacinação, o que dificulta ainda mais o trabalho educativo.
A presença do Zé Gotinha em Ibirubá neste sábado simboliza o esforço coletivo para mudar esse cenário. “Ele vai estar no Postão Central, recebendo as crianças com carinho. Se for possível, ele pode até dar uma volta em outras unidades. As crianças o reconhecem de longe e já vêm correndo abraçar. É um símbolo importante, que gera empatia e confiança”, disse Joice.
Ela finalizou convidando toda a comunidade para wparticipar:
“Sábado é o nosso Dia D, mas quem não puder ir, pode procurar a unidade de saúde durante a semana. A campanha segue até o final de outubro. Basta levar o CPF e as carteiras de vacinação. Estaremos prontos para acolher cada família. Vacinas salvam vidas. E viva o SUS.”
