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A subseção da OAB de Ibirubá está em alerta após o registro de diversas tentativas de golpe envolvendo criminosos que se passam por advogados para enganar cidadãos. A prática, embora não seja nova em centros maiores, chegou à cidade com força nas últimas semanas, como relata o presidente da OAB local, Alessandro Dierings dos Santos.
“Até então, não havíamos registrado casos aqui. Mas nas últimas duas semanas os colegas começaram a relatar várias tentativas. Ibirubá virou, entre aspas, a bola da vez”, explica Alessandro. Os golpistas têm utilizado informações públicas, disponíveis nos sites dos Tribunais de Justiça, para acessar dados de processos em andamento e abordar as vítimas com promessas de pagamento de valores de ações supostamente ganhas.
Segundo o presidente da subseção, os criminosos simulam ser advogados, enviam documentos falsificados com o logotipo do Tribunal de Justiça e solicitam transferências via PIX ou boletos falsos, geralmente em nome de pessoas físicas. “Esses documentos são muito bem elaborados, com QR Code, logos oficiais e informações reais extraídas dos processos. Mas o pagamento, em vez de ir ao tribunal ou ao advogado, cai na conta de um terceiro. Aí se caracteriza o golpe”, alerta.
A fragilidade está na publicidade processual. Conforme Alessandro, qualquer pessoa com conhecimento básico pode acessar informações detalhadas sobre processos abertos que não tramitam em segredo de justiça. “É possível entrar no site do TJ, escolher a comarca, digitar o nome da parte e acessar tudo: nome das partes, andamentos e decisões. Com isso, os golpistas montam um plano quase infalível”, detalha.
Diante da situação, a OAB de Ibirubá iniciou uma campanha de conscientização e orientação para a população e para os advogados. Um dos principais alertas é sobre o protocolo de comunicação. “Desconfie de qualquer contato por um número desconhecido, mesmo que a pessoa saiba detalhes do processo. Os escritórios têm canais oficiais e seguros com seus clientes. Sempre confirme diretamente com o advogado”, reforça.
Alessandro também alerta que a Justiça nunca solicita pagamentos em contas de pessoas físicas. Em processos judiciais, os valores pagos devem ser direcionados ao Tribunal de Justiça ou ao escritório de advocacia responsável, sempre por meio de canais formais e verificados.
Além disso, a OAB pede que as vítimas não tenham vergonha de registrar ocorrência policial. “A gente sabe que muita gente que caiu em golpe de R$ 800 ou R$ 1.500 prefere esconder. Mas esse silêncio só fortalece os golpistas. Com o registro, a polícia pode agir, bloquear números e até desmontar quadrilhas. Tem que confiar no trabalho das autoridades”, enfatiza o presidente.
Casos de golpes como o do bilhete premiado, ativo há décadas, ainda fazem vítimas por causa da promessa de ganho fácil, o que também ocorre nos golpes com advogados.
Outro ponto abordado na entrevista é o uso do número de registro da OAB pelos criminosos. Alessandro esclarece que advogados são obrigados a divulgar sua inscrição no material profissional, conforme o Estatuto da Ordem. “Existe o Cadastro Nacional dos Advogados, que permite a qualquer pessoa confirmar se aquele número corresponde de fato a um profissional habilitado”, aponta.
