08 de Agosto, 2025 09h08mPolítica por JORNALISTA CRISTIANO LOPES

Vereador lidera projetos que colocam a inclusão no centro das políticas públicas

Educação, habitação e infraestrutura da cidade e do interior são os investimentos mais significativos do plano plurianual

O que começa como dor dentro de casa pode se transformar em política pública. Foi assim que Vagner Oliveira, vereador em Ibirubá, transformou a luta de seu enteado e de vizinhos em uma série de leis que agora redesenham o que se entende por inclusão no município

Era só mais uma noite de sessão na Câmara, mas para Vagner Oliveira, aquela noite de 21 de julho foi um marco. “Foi um momento histórico. A comunidade pediu e a gente conseguiu entregar. Pela primeira vez, Ibirubá tem políticas públicas consistentes para pessoas com deficiência, autistas, alunos com TDAH, superdotados. Todo mundo que antes ficava esquecido agora começa a ter vez”, resume, com olhos marejados.
Nada disso veio do acaso. A motivação para esses projetos começou dentro da casa do próprio vereador. “Meu enteado foi diagnosticado com TDAH. E ali, tudo mudou. A gente não tinha suporte, não tinha protocolo, não tinha nem informação. Foi ali que comecei a entender o que tantas famílias passam em silêncio.”
A esse cenário se somaram histórias vizinhas. “O Ede, meu vizinho, tem síndrome de Down. Sempre foi muito querido, muito afetivo. Mas eu via o quanto era difícil para ele se entrosar. Isso mexeu comigo. Depois comecei a lembrar de colegas da infância que também sofriam, e a gente não tinha nome para aquilo. Eles só eram chamados de ‘atrasados’, ‘diferentes’. Hoje, sei que eram pessoas com algum transtorno que nunca foi reconhecido.”
Foi esse acúmulo de vivências e escutas que deu origem a um conjunto de 14 projetos de inclusão — sete já transformados em lei e sete em tramitação. “Nenhum projeto caiu do céu. Cada um veio de uma conversa, de uma mãe chorando, de uma professora cansada, de um pai que não sabia mais o que fazer”, conta.
Dois projetos são considerados “mãe” desse pacote: o que institui o programa de inclusão no município e o que cria o núcleo multidisciplinar para diagnóstico, acompanhamento e apoio a crianças e adolescentes com deficiências ou necessidades especiais. “Com esses dois projetos aprovados, a gente criou a base legal para tudo o que vem depois. A partir de agora, há uma estrutura oficial que sustenta a capacitação dos professores, o trabalho dos profissionais da saúde, e a escuta das famílias.”

Outras propostas seguem em destaque:
Vacinaçã domiciliar para autistas e crianças com limitações severas de locomoção;
Assento garantido na primeira fila para estudantes com TDAH nas escolas municipais;

Identificação visual em veículos que transportam pessoas com autismo, garantindo mais segurança em situações de crise;

Meia-entrada para autistas e seus acompanhantes em eventos culturais;

Publicidade

Programa “Cuidar de Quem Cuida”, voltado ao amparo emocional das mães atípicas;

Garantia de horário especial para servidores públicos que precisam acompanhar filhos em tratamento contínuo;

Atendimento especial a crianças com microcefalia — uma realidade ainda invisibilizada no município.

Para Vagner, o maior desafio está além das leis. “Não adianta aprovar e achar que está resolvido. A sociedade precisa mudar. Tem pai que ainda esconde o diagnóstico, escola que não sabe lidar, e colegas que praticam bullying. A inclusão só é real quando todos assumem a responsabilidade de acolher.”
Em paralelo aos projetos de lei, Ibirubá promove agora sua Semana da Inclusão e Diversidade, com palestras, oficinas e debates. Para o vereador, é mais do que um evento. “É um compromisso público de que a gente não vai mais ignorar esse assunto.”
Segundo dados do IBGE, cerca de 4,5% da população ibirubense declarou ter algum tipo de deficiência. Mas o número pode ser ainda maior, considerando os casos não diagnosticados ou não declarados. “Muita gente ainda tem vergonha. Outros nem sabem que aquilo que vivem é uma condição que tem nome, apoio e lei para garantir direitos.”
Em cada fala de Vagner, há um esforço constante de devolver dignidade às famílias. “A gente precisa entender que inclusão não é favor. É dever. Essas crianças, esses jovens, esses adultos — todos eles têm talentos, têm sonhos, têm o direito de existir com dignidade.”
E, como faz questão de dizer, tudo isso começou pela escuta. “Antes de ser vereador, eu fui pai, fui vizinho, fui aluno. Eu já estive do outro lado, vendo alguém ser excluído e sem saber o que fazer. Agora eu sei. E meu compromisso é usar essa cadeira para garantir que ninguém mais cresça achando que é um problema — quando, na verdade, é parte da solução.”

Publicidade

Notícias relacionadas

A trajetória de Neto Ferraz, o zagueiro que marcou época no futebol amador de Ibirubá

De apelido herdado do craque corintiano ao legado nos campos municipais

08 de Agosto, 2025

A psicóloga ibirubense que virou referência em liderança e carreira no Brasil

Conheça a história de uma menina que gostava de acompanhar o pai no ambiente de trabalho e que se tornou uma renomada psicóloga

21 de Julho, 2025

Planejamento, cultura e inclusão movimentam a Secretaria de Educação

Gestão aposta em organização, integração de setores e fortalecimento de políticas públicas para transformar o presente e preparar o futuro A rotina da Secretaria de Educação, Cultura, Turismo

07 de Julho, 2025