05 de Setembro, 2025 11h09mMOMENTO ESTRELA GUIA por REDAÇÃO INTEGRADA

Coragem em degraus: a jornada de Josi Pinto, da cozinha ao comando

De origem humilde em Quinze de Novembro, Josi Pinto construiu em Ibirubá duas referências no ramo alimentício

Empreendedora e consultora em gestão, Josi Pinto narrou como transformou a experiência no ramo alimentício em método, separou vida pessoal das finanças do negócio e passou a orientar outros empresários — conectando disciplina, propósito e cuidado com a vida.

Filha de Ari Pinto e Jane de Oliveira, Josi cresceu em um lar simples, onde o básico nunca faltava e o supérfluo exigia esforço. “Eu sempre fui ousada e muito de querer ter coisas melhores do que meus pais podiam me dar”, recordou. O primeiro emprego, ainda na adolescência, foi como faxineira. Depois, ingressou em uma lancheria em Quinze de Novembro. “Meu patrão disse: se tu não sabe, mas tem vontade de aprender, eu ensino. E assim começou essa jornada no ramo alimentício”, relembrou.
A mudança para Ibirubá representou um salto. Antes de empreender, Josi trabalhou em outra lanchonete e, em seguida, fundou a Cia do Sabor.

“Comecei literalmente do zero, sem estrutura. Precisei pedir crédito no mercado do lado de casa para comprar os primeiros insumos”, contou.

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O negócio ganhou corpo aos poucos, primeiro com ela na operação, depois com contratações e, por fim, com a profissionalização da gestão. “Eu sempre acreditei no meu potencial. Mesmo pequena, sabia que ia dar certo. É a persistência que faz subir degrau por degrau.”
Ao recordar a compra do Restaurante Capital, Josi descreveu a decisão como um divisor de águas. “As pessoas diziam que eu era louca, porque sabiam da situação do restaurante na época. Mas eu pensei: eu posso fazer dar certo, posso conquistar de novo tudo o que a Capital já foi um dia”, relatou. O desafio foi encarar um salão com 120 lugares, cardápio de pizzas e buffet, exigências diferentes do delivery consolidado da Cia do Sabor. “Eu saí de um lugar pequeno e fui para um espaço muito maior. Precisei evoluir junto com o negócio.”
Outro ponto marcante foi a separação entre vida pessoal e contas da empresa. “No início eu misturava tudo. Gastava com coisas pessoais no cartão do restaurante e chegava no fim do mês sem saber para onde tinha ido o dinheiro”, explicou. O choque veio quando organizou os números. “Levei um susto ao ver gastos que não faziam sentido. Foi então que reestruturei os negócios, separei pró-labore e hoje cada CNPJ caminha sozinho. Isso me permite estar inteira com os meus filhos.”
Mãe de Murilo, 13 anos, e Pietra, 7, Josi destacou que empreender sozinha exigiu também conciliar a vida familiar. “Não adianta ganhar dinheiro e deixar os filhos sem amor e presença. Eu prefiro dar tempo de qualidade para eles. Quando estou no trabalho, é foco no trabalho; quando estou com meus filhos, é atenção só para eles”, afirmou. A consciência de equilibrar papéis, segundo ela, foi aprendida com erros e amadurecimento. “Eu pequei por ser mãe muito nova, mas hoje tenho clareza de que preciso estar presente.”
Da prática intensa surgiu a consultoria em gestão.

“Muitos empreendedores vivem exaustos, vendem muito, mas não têm tempo para a família. Isso não pode ser normal”, alertou.

Estruturada de forma individual, a consultoria acompanha semanalmente gestores para organizar finanças, pessoas e processos. “Eu atuo como uma gerente móvel, ajudando o dono a enxergar a empresa de dentro para fora. Com organização, tudo flui. Sem gestão, nada se sustenta.”
Além de gerir seus negócios, Josi também encontrou nas redes sociais um espaço para compartilhar experiência. “Eu mostro a vida real de quem empreende. Falo sobre erros e acertos, e isso inspira outros empreendedores”, comentou. Em seu perfil, ela mistura dicas de gestão com registros pessoais, reforçando a autenticidade que também é marca no atendimento de seus restaurantes. “Acredito muito na humanização. O cliente precisa sentir o cuidado, seja em um lanche entregue em casa ou em uma pizza servida na mesa.”
O Cia do Sabor, sua primeira empreitada em Ibirubá, tornou-se conhecido por pratos que ganharam o paladar da região. “Nosso xis de filé com cinco queijos e o picadão viraram referências”, contou. Já o Capital consolidou-se pela tradição e pelo desafio de manter viva uma marca histórica. “Eu gosto de reestruturar, reorganizar e desafiar limites. A Capital me mostrou que, com equipe e gestão, é possível transformar dificuldades em oportunidades.”
Ao final, Josi deixou uma mensagem direta aos empreendedores. “A vida extraordinária é possível. É só acreditar, ter foco, fé, persistência e organização. Tudo o que plantei, hoje eu colho, e cada pessoa pode viver isso também”, afirmou. Conectando trajetória pessoal, disciplina empresarial e espiritualidade, a empresária resume em uma frase o caminho percorrido: “Tudo começa dentro de nós — quando eu mudei por dentro, os meus negócios mudaram por fora.”

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