O Lar do Aconchego, em Ibirubá, encerrou 2024 com avanços importantes e desafios no atendimento aos idosos. A instituição, que há anos presta um serviço essencial à comunidade, destaca conquistas como a ampliação do espaço e melhorias estruturais, mas também enfrenta dificuldades financeiras e busca o reconhecimento como entidade filantrópica. Além disso, a segurança dos internos se tornou uma prioridade
A instituição, que abriga atualmente 66 internos, ampliou sua capacidade com a construção de uma nova ala, aumentando o número de vagas e melhorando a estrutura para oferecer mais conforto aos residentes. “Nós fizemos uma reforma grande e conseguimos abrir mais 10 vagas, pois a lista de espera ainda era extensa”, explica Liziane Frá, coordenadora do lar.
O funcionamento financeiro do lar depende das mensalidades pagas pelos familiares e de convênios com prefeituras para atender idosos em situação de vulnerabilidade. No caso dos internos particulares, a mensalidade é de dois salários mínimos, enquanto aqueles que chegam por meio de convênios têm a mensalidade dividida entre a família e a prefeitura. “Esse dinheiro dá para fechar o caixa do mês, mas com muita dificuldade. Às vezes, não é suficiente, porque temos muitos custos com alimentação, medicação e pagamento dos funcionários”, ressalta Liziane.
A busca pelo reconhecimento como entidade filantrópica continua sendo uma das grandes metas da administração. Com essa certificação, o lar poderia acessar recursos do governo federal, reduzindo a dependência de doações e garantindo maior estabilidade financeira. “Estamos há anos tentando conseguir a filantropia, mas a burocracia é enorme. Quando conseguirmos, vai ajudar muito, porque permitirá que o lar tenha uma receita fixa além das mensalidades”, destaca a coordenadora.
A rotina dos internos é organizada para garantir o bem-estar e a qualidade de vida, contando com uma equipe de 22 profissionais, incluindo enfermeiros, técnicos de enfermagem, cuidadores e pedagoga. Além disso, há uma parceria com a Secretaria da Saúde, que fornece médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos para o atendimento dos idosos. “Temos horários para tudo: alimentação, banho, medicação e até atividades de lazer. Quem pode, participa de jogos, dança e passeios. Fazemos de tudo para que eles tenham uma vida ativa”, conta Liziane.
Em 2024, um episódio inusitado trouxe à tona a necessidade de reforço na segurança da instituição. Um dos internos, que havia chegado ao lar poucos dias antes por decisão judicial, conseguiu escapar ao pular uma cerca, desaparecendo por toda a noite. As buscas envolveram bombeiros, brigada militar e voluntários, que só conseguiram encontrá-lo na manhã seguinte, escondido em meio à lavoura, com o auxílio de um drone. “Nunca imaginamos que ele fosse conseguir sair sozinho. Passamos a noite inteira procurando e ficamos muito preocupados, porque ele poderia ter se machucado ou até pior”, relembra a coordenadora.
Após o ocorrido, a equipe reforçou a vigilância, mas o idoso tentou fugir novamente algumas semanas depois, sendo encontrado rapidamente e encaminhado de volta à família. “O lar não é uma prisão. Eles têm liberdade para circular, mas precisamos garantir a segurança de todos. Por isso, para 2025, uma das nossas prioridades é construir um muro mais alto nos fundos do lar”, afirma Liziane.
O apoio da comunidade tem sido fundamental para a manutenção da instituição. Muitas empresas e moradores realizam doações de alimentos, fraldas geriátricas e contribuições financeiras, além de destinarem parte do Imposto de Renda para o fundo do idoso. “A população de Ibirubá é muito solidária. Se não fossem as doações e o apoio das entidades locais, seria muito difícil manter tudo funcionando”, reconhece a coordenadora.
Para este ano, além da construção do muro, o lar segue focado em garantir um atendimento de qualidade e continuar buscando apoio para se tornar filantrópico. “Nosso trabalho é feito com amor e dedicação. Aqui, os idosos encontram não apenas cuidados, mas também carinho e companhia. Queremos que eles tenham um final de vida digno e feliz”, finaliza Liziane