24 de Março, 2025 14h03mibirubá por Cristiano Lopes

Desigualdade social persiste em Ibirubá apesar de orçamento milionário e alta renda per capita

Com PIB per capita de R$ 84 mil e orçamento municipal de mais de R$ 138 milhões, cidade exibe crescimento econômico, mas enfrenta disparidades sociais gritantes

Em meio ao progresso econômico, Ibirubá vive uma contradição: enquanto exibe indicadores de renda entre os maiores do estado, parte significativa da população ainda depende de programas sociais e enfrenta obstáculos para acessar oportunidades reais de desenvolvimento.

 imagem daquela geladeira vazia não sai da minha cabeça. Era o início de 2025 quando nas redes sociais circulou uma imagem de uma situação gritante que por burocracias governamentais não foi atendida no momento necessário. Uma mãe ibirubense de um dos bairros mais humildes de Ibirubá precisou de uma cesta básica e não tinha disponível em uma das cidades mais ricas da região. Ela contou que,  precisou procurar a assistência social do município porque não tinha o básico: arroz, feijão, leite. O coração de qualquer ibirubense se aperta ao ouvir isso. Não estamos falando de uma cidade pobre. Somos um município com mais de R$ 130 milhões no orçamento anual, com um dos maiores PIBs per capita do estado. E mesmo assim, dentro de nossas casas, convivemos com a fome, com a desigualdade que segue nos desafiando dia após dia.
Com 21.583 habitantes segundo o Censo de 2022, somos um exemplo de cidade em crescimento, com indicadores econômicos robustos. O PIB per capita é de R$ 84.109,24, o que nos coloca na 68ª posição entre os 497 municípios do Rio Grande do Sul. Somos, sem dúvida, uma cidade de empreendedores, de trabalho, de produção agrícola forte. Mas essa prosperidade infelizmente não chega a todos.
De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a renda média mensal dos ibirubenses é de R$ 2.100. Apenas 24% da população declara Imposto de Renda, e entre eles, a renda média sobe para R$ 8.750 mensais. A diferença é brutal e expõe o quanto a riqueza da cidade está concentrada nas mãos de poucos.

Programas sociais: um alívio necessário, mas não a solução
No mês de março de 2025, Ibirubá teve 216 famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família, totalizando 602 pessoas beneficiadas e um investimento de R$ 141.667,00, com benefício médio de R$ 655,87. Destes, 602 foram benefícios de Renda de Cidadania, 195 benefícios complementares e 140 para a Primeira Infância. Além disso, 2 famílias ainda recebem Benefício Extraordinário de Transição. Já o Programa Auxílio Gás dos Brasileiros atendeu 31 famílias em Ibirubá, com investimento de R$ 3.286,00. O valor médio do benefício é de R$ 110,00 por família, pago em parcelas bimestrais, com valor dobrado de forma temporária desde 2023.
Além desses auxílios, o município conta com 6.300 benefícios previdenciários e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pagos mensalmente.

Microcrédito: boas intenções, mas com obstáculos
O Programa Acredita, que busca incentivar o empreendedorismo por meio de microcrédito, já realizou 132 operações em Ibirubá. Mas o acesso ao crédito não é simples. “Fui tentar um financiamento para ampliar meu salão, mas me perdi na papelada e desisti”, conta Luciana Becker, microempreendedora local.
A burocracia e a falta de informação limitam o alcance do microcrédito, que poderia ser uma ferramenta potente de transformação. Para funcionar, é preciso facilitar o acesso, orientar os empreendedores e garantir que os recursos cheguem a quem mais precisa.

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Pé-de-Meia: educação como esperança de mudança
No campo da educação, o Programa Pé-de-Meia oferece uma nova esperança. Em Ibirubá, 96 alunos do ensino médio são beneficiados, podendo receber até R$ 9.200 ao longo do curso.

A Ibirubá que queremos
Com uma frota de 20.260 veículos — quase um carro por habitante — e uma economia vibrante, é inaceitável que ainda tenhamos crianças sem comida e mães sem perspectiva. O desafio não é só gerar riqueza, mas distribuí-la. Precisamos olhar com atenção para nossas políticas, nossos programas, nossa forma de pensar desenvolvimento. Que possamos ser uma cidade onde nenhuma geladeira esteja vazia, e onde cada ibirubense tenha acesso real à dignidade.

 

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