07 de Julho, 2025 09h07mEstradas por JORNALISTA CRISTIANO LOPES

Presidente do COMAJA confirma paralisação das obras da RS-510 e RS-451

Execução está travada por entraves jurídicos e contratuais; os pagamentos estão suspensos e não há data para retomada.

Volmar Telles do Amaral (Piti) admitu oficialmente que as obras estão paradas desde 24 de junho. Motivo envolve troca de pedreira e ausência de liberação técnica do Daer. Falas reforçam pontos já apurados e publicados pelo Jornal O Alto Jacuí.

 

 

As obras de pavimentação da RS-510 e RS-451, coordenadas pelo COMAJA, estão oficialmente paralisadas desde o dia 24 de junho. A confirmação foi feita pelo presidente do consórcio, prefeito Volmar Telles do Amaral (Piti), e pela diretora executiva, Márcia Rossatto Fredi, ao programa Mesa Redonda, da Rádio CBS, na segunda (30/06). A paralisação foi atribuída a entraves técnicos e jurídicos relacionados à troca da pedreira originalmente prevista no contrato com a empresa executora.

“Nós não estamos pagando porque ainda não temos a legalidade para fazer o pagamento referente às pedras que foram utilizadas de uma pedreira que ainda não está aprovada”, explicou Márcia, ao comentar o motivo pelo qual a empreiteira suspendeu os trabalhos e retirou o maquinário das frentes de obra. 
A diretora ainda afirmou que “a empresa ficou encomodada com a nota do COMAJA”, e que isso também teria influenciado na decisão de interromper os serviços. O Governo do Estado também não teria recebido bem a publicação.
Essas informações confirmam o que o Jornal O Alto Jacuí já havia apontado na reportagem publicada no dia 6 de junho: que havia um impasse técnico, ausência de liberação ambiental para parte da execução e que a obra corria o risco de não ser finalizada, mesmo com recurso disponível. À época, o COMAJA  emitiu  nota reagindo com críticas à reportagem, que foi sustentada por documentos e falas públicas de autoridades estaduais.
Durante a entrevista, o Presidente Piti afirmou que o recurso de R$ 68 milhões está garantido e reservado para as duas obras, mas reconheceu que a retomada depende de outros fatores:

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“Nós temos o recurso, mas não temos como pagar sem a liberação técnica. Isso é uma exigência do Daer”, disse.

Ele também admitiu que “não há como precisar uma data” para a retomada dos trabalhos: “Uma coisa é previsão, outra é precisão”, disse Marcia.
O consórcio já realizou uma reunião com a empresa e informou que novas agendas com o Daer e o governo estadual estão sendo organizadas. “Estamos trabalhando para resolver. Tivemos reunião  com a empresa e vamos fazer outras em Porto Alegre. A ideia é alinhar esse processo o mais rápido possível”, falou a diretora.
Questionados se a empreiteira responsável — apontada por fontes durante o programa como tendo dificuldades financeiras — continuará à frente do projeto, os dirigentes do COMAJA preferiram não dar garantias. “Acredito que sim”, disse Márcia, sobre a possibilidade de a mesma empresa seguir à frente da obra. “O contrato está vigente, e o que falta é apenas essa regularização.”
A entrevista também revelou contradições e incertezas. Apesar de afirmarem que os trabalhos “andaram bem”, os próprios dirigentes reconheceram que o cronograma não foi cumprido. “Essa obra era para estar pronta em fevereiro de 2024”, pontuou um dos apresentadores, sendo confirmada por Márcia: “Era sim, mas houve burocracia, troca de projeto, licenciamento, e tudo isso leva tempo.”
Ainda durante o programa, Piti defendeu o papel do consórcio e afirmou que “obras públicas são naturalmente mais lentas e sujeitas a entraves”, mas admitiu que a retirada das máquinas causou preocupação e que há pressão dos prefeitos da região pela retomada.

“A empresa saiu, mas não significa abandono. A gente está tentando resolver isso para que retorne o mais breve possível”, garantiu o presidente do Consórcio.
Mesmo após semanas de cobertura e pedidos formais de entrevista por parte da equipe do Jornal O Alto Jacuí, a direção do COMAJA optou por se pronunciar apenas agora, e em outro veículo. Desde o início da apuração, o jornal vem acompanhando os desdobramentos das obras da RS-510 e da RS-451, publicando reportagens com base em dados oficiais, falas públicas e informações técnicas.
A entrevista reforçou, ponto a ponto, o que já havia sido revelado: a obra foi paralisada oficialmente; a execução está travada por entraves jurídicos e contratuais; os pagamentos estão suspensos; não há data para retomada; e a empreiteira responsável encontra-se em situação indefinida. 
As rodovias RS-510 e RS-451 são consideradas estratégicas para a conectividade regional, ligando municípios como Ibirubá, Fortaleza dos Valos, Santa Bárbara do Sul, Colorado e Não_Me-Toque. A expectativa de conclusão permanece indefinida, e o consórcio segue negociando com o Estado os próximos passos.

 

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