
Criada em 1955 e presente em Ibirubá desde 1961, a Emater/RS-Ascar completa 70 anos de serviços prestados ao meio rural com uma marca que vai além da assistência técnica: o fortalecimento das famílias, da produção de alimentos e da própria identidade agrícola do município.
Se hoje o município se destaca pela força da agricultura familiar e diversidade da produção rural, é porque desde 1961 há uma estrutura técnica, humana e social comprometida em apoiar os agricultores na prática e na vida. A Emater/RS-Ascar, que no último dia 2 de junho completou 70 anos de fundação, está há 64 anos em Ibirubá, sendo uma das entidades mais antigas e respeitadas da cidade.
“Talvez sejamos a entidade com atuação contínua mais antiga em Ibirubá”,
refletiu Oneide Kuhn, chefe do escritório local.
Formado como técnico agrícola, nascido e criado no bairro Floresta, Oneide carrega em sua trajetória o mesmo espírito da instituição que hoje representa: conhecimento técnico aliado ao profundo vínculo com o campo, com as pessoas e com a realidade local.
Fundada em 1955, ainda sob o governo Café Filho, a então ASCAR nasceu para facilitar o acesso ao crédito e à assistência técnica no meio rural, com 28 profissionais que se formaram em São Paulo antes de retornar ao Rio Grande do Sul para difundir práticas básicas de saneamento, segurança alimentar e manejo agrícola.
Em Ibirubá, a atuação da Emater foi decisiva em momentos-chave da história da agricultura local. Um exemplo emblemático foi a “Operação Tatu”, nos anos 1960, programa de correção e conservação de solos que teve início experimental no município e, mais tarde, inspirou iniciativas semelhantes em todo o país. “As primeiras lavouras demonstrativas surgiram aqui. A tecnologia que depois foi para Santa Rosa e se espalhou pelo Brasil teve raízes em Ibirubá”, destacou Oneide.
Atualmente, o escritório local atende cerca de 1.200 propriedades rurais, com uma equipe enxuta: além de Oneide, integram o time o técnico Fabiano Gregório e a assistente administrativa Daniela. Juntos, eles buscam atender a um universo diverso, onde o agricultor precisa, muitas vezes, se reinventar para manter a produção e a renda familiar.
“O extensionista da Emater tem esse olhar holístico, de perceber um espaço ocioso na propriedade e sugerir uma nova produção, uma nova ideia que gere renda”, explicou Oneide.
A atuação da Emater vai muito além dos grãos. Apoia o leite, a produção de hortaliças, frutas, pequenas agroindústrias e até mesmo iniciativas de recuperação de áreas improdutivas. Em tempos passados, quando nem havia estrutura de saúde ou serviços públicos suficientes, era a Emater que levava orientação sobre saneamento, nutrição e até saúde básica às famílias.
“Lá atrás, a Emater era a primeira a chegar nas comunidades mais distantes. Às vezes, a única”,
relembra Oneide.
Mesmo com as transformações políticas, econômicas e tecnológicas das últimas décadas, a Emater se manteve presente, adaptando-se sem perder sua missão.
“A Emater tem conseguido manter sua credibilidade porque entrega. Porque está em todos os municípios. Porque é o braço que os governos confiam para executar políticas públicas no campo”, afirmou.
Isso inclui, hoje, projetos voltados à resiliência climática, ao apoio à produção sustentável e à permanência das famílias no campo.
A relação com o município sempre foi próxima. A prefeitura é a principal parceira, garantindo a continuidade das atividades por meio de contratos de cooperação. Ao longo do tempo, diferentes administrações municipais mantiveram esse compromisso, reconhecendo a importância da Emater para a comunidade rural. Nos próximos dias, inclusive, a Câmara de Vereadores deverá prestar uma homenagem oficial aos 70 anos da entidade.
Durante a entrevista, Oneide também relembrou sua própria trajetória — desde a infância no bairro Floresta, entre o trabalho na marcenaria do pai e os finais de semana na pequena propriedade rural da família, até a formação técnica e os anos de atuação na Cotribá, experiência que o preparou para ingressar na Emater. “Eu fiz a prova para entrar na Emater e cada questão era o meu cotidiano. Era aquilo que eu vivia. Era natural pra mim.”
Ao ser questionado sobre o número de extensionistas que já passaram por Ibirubá, Oneide admitiu não ter um número exato, mas estima que entre 15 e 20 profissionais tenham atuado no escritório ao longo de sua história.
“É uma pena que não tenhamos todos os nomes registrados, mas queremos resgatar isso. A Emater só é o que é por causa das pessoas.”
E é essa valorização das pessoas — agricultores, famílias, parceiros e servidores — que faz da Emater indispensável. Nesses 70 anos de trajetória no Rio Grande do Sul e 64 em Ibirubá, a entidade permanece como símbolo de empatia, conhecimento, parceria e desenvolvimento. Como definiu Oneide: “A Emater é feita de gente. E gente comprometida com o futuro do campo.”