
Tradição completou uma década no município e reuniu imigrantes, brasileiros e visitantes em um dia de fé, música e integração cultural.
A comunidade senegalesa de Ibirubá celebrou, no salão do bairro Progresso, na última quarta-feira (13), a décima edição do Magal de Touba, uma das datas mais importantes da fé e cultura do Senegal. O evento marcou a consolidação da tradição no município, reunindo imigrantes da região e moradores locais em um dia de espiritualidade, confraternização e acolhimento.
O Magal relembra o exílio de Cheikh Amadou Bamba, líder religioso muçulmano que fundou a confraria Mourid e ficou sete anos, sete meses e sete dias no Gabão, após resistir pacificamente à colonização francesa. A festa é celebrada no dia em que ele foi levado ao exílio — uma recomendação deixada por ele próprio.
Em Ibirubá, a tradição começou em 2015, quando os primeiros senegaleses organizaram o evento. “Quando cheguei, éramos bem poucos. Hoje temos famílias inteiras, inclusive mulheres e crianças”, contou Maodo Diop, que vive na cidade desde 2014. Atualmente, estima-se que mais de cem senegaleses residam no município.
A programação incluiu café da manhã, orações, cânticos religiosos (khassidas), almoço e confraternização até a noite. “O Cheikh sempre recomendou que o Magal fosse aberto a todos, sem distinção. É dia de alimentar quem vier, até que não queira mais comer”, disse Musa Gaye, também morador desde 2015.
Além dos pratos típicos como arroz com carne e batata, o cardápio contou com churrasco para agradar os convidados brasileiros. “Queremos que as pessoas participem e levem algo da nossa cultura na memória, não só a comida”, destacou Musa.
A festa foi organizada pela Associação dos Senegaleses de Ibirubá, com contribuições de R$ 500 de cada membro. O valor também ajuda a financiar o Gamo, outra celebração religiosa dedicada ao profeta Maomé. “É uma recomendação do Cheikh: alegrar os convidados e oferecer comida de graça”, explicou Maodo.
Mais do que uma celebração religiosa, o Magal se tornou símbolo de integração e reconhecimento. “Sempre convidamos todos: brasileiros, haitianos, qualquer um. Isso também é viver em comunidade”, afirmou Maodo.
Maodo e Musa relembraram ainda suas jornadas até Ibirubá. O primeiro passou pela Argentina e por Passo Fundo antes de chegar à cidade. Já Musa veio por São Paulo e também por Passo Fundo, antes de ser convidado a trabalhar no município. “Hoje estamos completamente integrados. Ibirubá é nossa casa”, concluiu Musa.