15 de Agosto, 2025 09h08mAgosto Lilás por JORNALISTA CRISTIANO LOPES

Agosto Lilás mobiliza Ibirubá no enfrentamento à violência contra a mulher

Advogada Karina Doninelli explica a importância da Lei Maria da Penha, alerta sobre a gravidade do problema estado

O mês de agosto marca, em todo o país, a campanha Agosto Lilás — um período de conscientização e combate à violência contra a mulher. Em Ibirubá, o tema vem sendo debatido com intensidade por meio de iniciativas articuladas entre Executivo, Legislativo e rede de atendimento.

À frente da Coordenadoria da Mulher do município, a advogada Karina Wilm Doninelli participou de uma entrevista especial para abordar a importância dessa mobilização, explicar o funcionamento da Lei Maria da Penha na prática e apresentar as ações que estão em andamento para prevenir e enfrentar casos de violência doméstica.
Natural de Ibirubá, filha de mãe solo e criada em um ambiente de apoio feminino, Karina construiu sua trajetória jurídica com foco em causas sociais. Apesar de ser especialista em Direito Administrativo, sua atuação atual está profundamente conectada à defesa dos direitos das mulheres. 
“O direito me escolheu. Consegui bolsa integral para o curso e desde o primeiro semestre percebi que queria trabalhar para melhorar a vida das pessoas. A atuação voltada à mulher sempre esteve presente, mesmo na minha especialização, porque as políticas públicas se relacionam diretamente com o Direito Administrativo e com a gestão pública”, contou.

Na entrevista, a advogada ressaltou que a formação acadêmica, em geral, prepara para a teoria, mas não para o acolhimento humano exigido em casos de violência. “A faculdade não molda o profissional para lidar com a vítima de forma sensível. Esse preparo vem do dia a dia, do tato, da experiência”, disse.
Segundo dados do Observatório Estadual da Violência Contra a Mulher e da Secretaria de Segurança Pública do RS, somente em 2024 já foram registrados mais de 60 mil casos de ameaças e lesões corporais contra mulheres no Estado, além de 90 feminicídios — um aumento expressivo em relação ao ano anterior. Em média, a cada sete minutos, uma mulher sofre algum tipo de violência doméstica no Rio Grande do Sul.
Karina alerta que o problema vai muito além da agressão física. “A violência pode ser psicológica, sexual, patrimonial, moral. Ela começa de forma sutil: uma humilhação, a retenção de documentos, a manipulação financeira, ameaças aos filhos. Nenhum relacionamento abusivo inicia com um tapa”, destacou. Ela lembra que, muitas vezes, a vítima não reconhece a violência, considerando-a parte “normal” da convivência.
No âmbito municipal, a Coordenadoria da Mulher está sendo reestruturada junto com a reativação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. A rede de apoio inclui Procuradoria da Mulher do Legislativo, Patrulha Maria da Penha, Sala das Margaridas na Polícia Civil, equipes de saúde, assistentes sociais e psicólogos. “Queremos mapear cada caso, oferecer suporte jurídico e psicológico, auxiliar na reinserção no mercado de trabalho e, quando necessário, garantir abrigo seguro para que a vítima possa se afastar do agressor”, explicou Karina.
A advogada também defende que a prevenção comece cedo, nas escolas, com educação voltada para o respeito e a igualdade de gênero. “Talvez a base seja o ponto em que falhamos. Precisamos falar sobre violência doméstica desde a infância, ensinar meninos e meninas a reconhecer comportamentos abusivos e quebrar a cultura machista que ainda é muito forte, especialmente no nosso Estado.”
Durante o Agosto Lilás, Ibirubá promove rodas de conversa, panfletagens, visitas aos bairros e encontros com grupos atendidos pela assistência social. A meta é ampliar o conhecimento sobre os tipos de violência, incentivar a denúncia e divulgar os canais de apoio, como o 180 e os serviços locais. Karina citou o exemplo de Não-Me-Toque, que mantém um programa em parceria com o Ministério Público para obrigar autores de violência a participarem de grupos de escuta e acompanhamento psicológico. “Não se trata de justificar a violência, mas de atacar a raiz do problema. Muitos homens reproduzem padrões aprendidos na infância e precisam romper esse ciclo”, finalizou.
 

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