
Na memória esportiva de Ibirubá, poucas figuras são tão emblemáticas quanto Paulo Geraldo Schemmer. Aos 76 anos, com uma vida dedicada ao esporte, ele compartilhou sua trajetória, destacando dois marcos principais: a fundação do Clube Atlético Bangú e sua atuação na Associação Ibirubá de Futsal (ASIF). Com histórias ricas e marcantes, Schemmer mostrou como o esporte uniu comunidades.
Nos anos 1960, um grupo de jovens inquietos no bairro Planalto decidiu criar um time de futebol de campo. “Nos reuníamos aos domingos e não tínhamos muito o que fazer. Um dia resolvemos participar de um torneio na Várzea, interior de Ibirubá. Não tínhamos nome e ficamos sem jeito ao chegarmos na comunidade. Um organizador do torneio, de sobrenome Bonatto, sugeriu: vamos chamar o time de ‘Sem Jeito’”, relembrou Schemmer.
Depois do Sem Jeito veio o Faixa Azul, o Expressinho e na sequência, com a eleição da Íris, primeira mulher presidente, o clube virou Bangú, uma cópia do carioca ''estádio de moça bonita''.
Mas o grande desafio era encontrar um local fixo para os jogos. Uma opção era o terreno onde atualmente se localiza o Clube Colibri, no Bairro Pôr-do-Sol, mas a documentação emperrou. A solução veio de uma ideia de Schemmer, que encontrou um terreno próximo ao Pulador, de propriedade da família Kunz.“Eu medi o espaço com passos, e junto com o time, limpamos o local, pagamos trator para nivelar o terreno e plantamos a grama. Ver aquele campo pronto foi uma realização imensa”, contou emocionado. O Bangú foi criado nos idos de 1966, e dos onze titulares do time, oito serviram o quartel juntos. Paulo era ponta esquerda e goleador, segundo Celso Endres, em participação ao vivo durante a entrevista com Paulo no programa da Rádio Cidade. Castor de Andrade também foi lembrado entre os presidentes que marcaram época no clube. ''Naquele tempo éramos jovens e bonitos, hoje somos apenas bonitos'', brincou Endres. Em um sábado a noite os jogadores descarregaram um caminhão de milho do João Petri, foram para Espumoso jogar uma partida e no domingo carregaram o caminhão novamente. O jogo, disputado na Pratinha, terminou 7 a 7. O primeiro campeonato municipal de Ibirubá, segundo Schemmer, ocorreu em 1968.
A Associação Ibirubá de Futsal - ASIF: A magia da bola pesada
No final dos anos 1980, Paulo Schemmer ingressou na Associação Ibirubá de Futsal (ASIF), a convite do Professor Luiz Carlos de Oliveira, com quem formou uma amizade que perdura até hoje. “Ele precisava de ajuda em um jogo importante, e eu fui. A partir dali, trabalhamos juntos por mais de 20 anos, sempre com respeito e dedicação”, contou.
A ASIF não era apenas uma escolinha de futsal; era um centro de formação de atletas e cidadãos. “Nossa missão era ensinar disciplina e valores aos meninos. Alguns estavam lá para aprender a jogar, outros para aprender a viver”, refletiu Schemmer.
Um dos momentos mais marcantes de sua vida foi ver Ronaldinho Gaúcho jogar no Ginasião em Ibirubá, em 1990, quando o craque tinha 10 anos e jogava no time da PROCERGS, treinado por Cleon Espinoza. Ronaldinho foi eleito o melhor jogador de futsal do estado. “Ele era só um garoto franzino e tímido, mas quando pegava a bola, era mágico. Naquele momento, eu já sabia que ele seria um grande nome no futebol. Ver um talento desses de perto foi algo inesquecível”, lembrou.
O impacto da ASIF no esporte local é imensurável. Jogadores talentosos como Roger Guedes e Jair Rodrigues Júnior jogaram nas categorias de base, e a associação foi responsável por levar o nome de Ibirubá para competições regionais e estaduais, promovendo clássicos contra o Russo Preto de Não-Me-Toque, América de Tapera, Celeiro de Fortaleza dos Valos e SASE de Selbach.
“Trabalhar na ASIF foi uma das melhores experiências da minha vida. Cada menino que passava por nós levava um pedaço do que acreditávamos: respeito, disciplina e paixão pelo esporte”, afirmou Schemmer.
Um legado que perdura
Hoje, aos 76 anos, Paulo Geraldo Schemmer mantém sua paixão pelo esporte, embora não frequente campos e quadras com a mesma intensidade de antes. “O futebol nunca foi apenas um jogo para mim. Ele me deu amigos, lições e a oportunidade de ajudar a transformar vidas. Sou eternamente grato por tudo o que vivi”, concluiu.