Sirlei Kogler Fassbinder é uma mulher que representa uma mudança significativa no cenário do sindicalismo rural. Com quase 30 anos de dedicação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quinze de Novembro, Sirlei destaca a presença crescente de mulheres como ela em cargos de liderança. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. "Conheço muitas mulheres que estão à frente de sindicatos rurais ou de trabalhadores rurais a nível estadual, mas ainda somos a minoria", diz Sirlei.
Na região, que compreende 16 sindicatos, apenas quatro são liderados por mulheres. Essa realidade reflete não apenas a sub-representação feminina no sindicalismo, mas também os desafios que as mulheres enfrentam para ascender a esses cargos.
As atividades diárias dos sindicatos rurais abrangem uma variedade de áreas, desde questões de financiamento agrícola até a defesa dos direitos dos trabalhadores. Recentemente, o foco tem sido a reivindicação por políticas públicas. Uma das principais preocupações é a mudança no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que deixou muitos agricultores desenquadrados, dificultando o acesso a financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
"Estamos lutando por taxas de juros mais baixas para os pequenos agricultores, mas a batalha é árdua", afirma Sirlei. Ela destaca a importância dos "gritos da terra", manifestações que historicamente garantiram conquistas importantes para os trabalhadores rurais, como a aposentadoria rural.
Sirlei também menciona a necessidade de maior representatividade das mulheres no cenário político, especialmente nas instâncias legislativas e executivas. "É uma luta das mulheres trabalhadoras rurais ter espaço na Câmara, pelo menos 30% de representação", enfatiza ela. Esse cenário fez com que Sirlei tomasse uma decisão para o futuro. Ela anunciou que vai concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores de Quinze de Novembro pelo PDT, partido que compõe o governo municipal liderado pelo MDB. ''Acho que fiz muito para os pequenos agricultores, se houver reconhecimento desse trabalho creio que possa me eleger'', analisou. Além das questões sindicais, Sirlei compartilha preocupações com a safra agrícola, destacando os desafios enfrentados pelos produtores de milho devido à cigarrinha, uma praga que causa danos significativos às lavouras. A situação é agravada pela queda na qualidade da silagem, prejudicada pelas condições climáticas desfavoráveis.
Apesar dos obstáculos, Sirlei permanece otimista quanto ao papel das mulheres na agricultura e no sindicalismo rural. "A mulherada está se aproximando, mas ainda há muito a conquistar", conclui ela. Com sua liderança e determinação, Sirlei e outras mulheres rurais continuam a moldar o futuro do campo, lutando por uma representação mais equitativa e melhores condições para todos os trabalhadores rurais.