Ser motorista de caminhão é lidar com todo tipo de incertezas: chuva, frio, estradas perigosas e a responsabilidade de entregar em segurança a carga que precisa chegar ao seu destino. Mas o motorista de Passo Fundo, Fabiano Pivotto, de 39 anos, viveu algo que jamais havia experimentado nos 14 anos que está na atividade, sendo 11 deles trabalhando para uma empresa de Passo Fundo. No dia 1º de maio, ele estava em deslocamento pela BR 386, em Progresso, e acabou sendo surpreendido pelas fortes chuvas que ocasionaram quedas de barreiras e danos nas estradas. Por mais de dois dias, ele ficou incomunicável e, somente após esse tempo, conseguiu subir um morro e informar que estava bem e em segurança.
“Comecei a dirigir caminhão aos 25 anos, pois sempre gostei de dirigir e de caminhão. Estamos sujeitos a todo tipo de perigos, mas sempre em contato com a família. Para pegar experiência, segui conselhos de pessoas mais velhas, mas nunca viajei com alguém mais experiente.”
Ficando em média uma semana fora de casa, Fabiano, que é casado com Elga e tem uma filha, Yasmin, de 10 anos, diz que a saudade aperta muito, mas que hoje é mais controlado. Para ele, é necessário o sacrifício para conseguir alcançar os objetivos. Mas sente falta da presença da filha e da família para passear e vivenciar ocasiões especiais como aniversários e tantas outras em que nem sempre é possível estar presente.
Fabiano sabe da importância da atividade e diz qu, mais do que saber que a volta para casa pode demorar alguns dias, é ter de enfrentar obstáculos como a falta de estrutura de um local próximo. “Aqui na nossa região temos bons locais. Os postos de combustíveis e paradas estão sempre prontos para nos receber e não posso me queixar quanto a isso. A pernoite é no caminhão e fico em locais que me trazem segurança.”
No dia das enchentes encarou a chuva como tantas outras vezes em que dirigiu sob mau tempo. Quanto a acidentes, já havia sofrido um meses antes e saiu ileso. “Mas depois comecei a ver barreiras caindo em estradas, asfalto cedendo por excesso de chuvas e acabei ficando preso sem poder me comunicar com minha esposa e minha filha, pois a comunicação era ruim tanto pela internet quanto para fazer ligação normal. Sei que minha família começou a se preocupar, mas temos muitas pessoas boas e consegui contatá-las e tudo acabou bem. É muito bom voltar para casa, ser bem recebido, saber que se preocupam e gostam da gente”, frisa.
Fabiano diz ser apaixonado pela profissão. “Eu amo o que faço e escolhi essa profissão porque gosto muito de dirigir. Caminhão é uma paixão de infância. Quando fico longe, minha esposa Elga é muito guerreira e segura as pontas. Quando estou em casa, fico o máximo para equilibrar a ausência. Amo a minha profissão e não faria nada diferente. Não me vejo fazendo outra coisa. É uma profissão que tem muitos desafios, mas, se é realizada com amor e dedicação, nos faz muito felizes e traz realizações”, finaliza.