
Por trás de cada lavoura de sucesso, há decisões tomadas antes da primeira semente tocar o solo. É nessa etapa — muitas vezes invisível — que entra o trabalho de Vagner Ramalho Júnior, engenheiro agrônomo, mineiro de origem, ibirubense por escolha, e sócio da PesquisAgro
Meu pai quebrou duas vezes na agricultura. Então, quando decidi seguir por esse caminho, sabia que precisava entender o porquê das coisas. Não basta plantar bem. É preciso pensar a propriedade como um sistema”, diz ele, ao relembrar a infância no Triângulo Mineiro e os anos de estudo que o trouxeram até Ibirubá, onde hoje atende produtores em diferentes municípios do Alto Jacuí.
A PesquisAgro é formada por quatro profissionais com atuação complementar. Juliane Camera e Camila Ranzi são responsáveis pela estação experimental. Vagner responde pela consultoria agronômica e Magnus Guarnieri coordena a central de negócios. “A gente não entrega receita pronta. O que funciona para um talhão, não serve para o outro. É preciso entender a história do solo, os objetivos da família, o potencial da área. Consultoria de verdade é personalizada”, afirma.
No centro do debate, ele posiciona o solo. “Ainda se dá mais valor a máquina do que à terra. Só que sem estrutura, cobertura e manejo, nem a melhor tecnologia resolve.” Ele defende plantas de cobertura no vazio outonal, fala da importância de aprofundar raízes e corrigir deficiências químicas. “O solo precisa estar pronto não só para a semente, mas para suportar clima extremo. E o clima não dá mais trégua. A chuva ou não vem ou vem demais.”
Vagner também chama atenção para a economia invisível do campo: aquela que se perde na má gestão. “Tem muito produtor colhendo bem e perdendo dinheiro na gestão. Porque comprou máquina acima da realidade, porque entrou em arrendamento sem planejar. Hoje, sustentabilidade tem que andar junto com rentabilidade. E isso exige planejamento, não impulso.”
A central de negócios da PesquisAgro atua intermediando insumos, sem estoque físico, mas com visão estratégica. “Um fornecedor tem excesso, outro tem escassez. A gente cruza essas pontas. E ajuda o produtor a pagar menos pelo mesmo insumo.”
Sobre a estação experimental, ele destaca: “Temos pesquisas com produtos biológicos desde 2018. Tudo com validação científica. A agricultura vai avançar cada vez mais com base em dados, e não só na intuição.”
Além do foco técnico, a PesquisAgro também acompanha com atenção os efeitos da reforma tributária no agronegócio. Segundo Vagner, o setor ainda está digerindo as mudanças que entrarão em vigor gradualmente a partir de 2026. “Muitos produtores nem imaginam o impacto que isso vai ter sobre o custo dos insumos e a forma de prestar contas. É um ponto que precisa entrar na pauta das famílias rurais. Não dá mais pra separar agronomia de gestão tributária”, alerta. Ele lembra que a empresa não oferece consultoria contábil, mas orienta seus clientes a se prepararem com bons parceiros nesse aspecto.
Outro tema que mobiliza o time da Pesquisagro é a transição geracional no campo. “Tem muita gente jovem voltando pra propriedade, mas é um retorno diferente. Eles vêm com vontade de profissionalizar, de usar tecnologia, de entender números”, observa. Para Vagner, esse movimento é promissor, mas precisa de suporte. “O jovem quer resultado, quer visão estratégica. Nosso papel é ajudar a construir esse novo agro, onde sensibilidade e ciência caminham juntos. Porque hoje não basta nascer no campo — é preciso escolher ficar nele.”
No fim da conversa, Vagner deixa um recado aos produtores:
“Tem coisa que a gente só colhe daqui cinco safras. Manejo dá trabalho. Mas quem começa agora, daqui a pouco vai agradecer. O solo escuta tudo o que a gente faz — e devolve.”