28 de Julho, 2025 09h07mESPECIAL COLONO E MOTORISTA por JORNALISTA CRISTIANO LOPES

Gelson Ruppelt, da Giru's Tur: o menino da colônia que virou homem símbolo da estrada

No Dia do Motorista, a história de quem transformou paixão por dirigir em uma das maiores empresas de transporte de Ibirubá

O volante chegou primeiro que a carteira de habilitação. Gelson Ruppelt tinha 12 anos quando já comandava o trator da família, lavrando a terra na Linha Floresta, interior de Selbach. Hoje, aos 50 anos, ele comanda a Giru's Tur, uma das maiores empresas de transporte intermunicipal e turístico da região, fundada em 20/02/2000 e com uma trajetória marcada por visão, coragem e responsabilidade. Neste 25 de julho, Dia do Colono e Motorista, a reportagem do OAJ resgata a história de Gelson — que mais do que dirigir, levou sonhos e memórias para milhares de passageiros.

“Eu sou um motorista frustrado, porque ninguém me contratou. Então fui lá e comprei um ônibus pra mim”, brinca Gelson, ao lembrar do início da Giru's. A empresa começou com uma van ASIA TOPIC ano 1997 que atendia universitários até Cruz Alta. A ideia surgiu quando ele e o amigo Edilson Giacomolli, ainda atuando com informática na SellSoft, perceberam a carência de transporte local. “A maioria das empresas vinham de fora. A gente viu uma oportunidade e foi”, resume.

O nome Giru's vem da junção de "Giacomolli" com "Ruppelt", mas também simboliza movimento, juventude, estrada. E movimento foi o que não faltou: ainda no primeiro ano, a empresa já operava com três veículos. “A gente olhava para os ônibus que cruzavam a cidade e pensava: por que não atender com frota própria, daqui mesmo?”, lembra Gelson.

Entre tropeços e acertos, veio o crescimento. Nos anos 2000, o transporte universitário explodiu. De uma van, passaram para micro-ônibus e, em seguida, ônibus. “Tivemos até cinco veículos indo para Passo Fundo diariamente”, conta. O salto definitivo veio com o crescimento da indústria local. A Giru's passou a atender o transporte de funcionários de grandes empresas como Indutar e AGCO, cobrindo dezenas de cidades da região.

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Gelson nunca se afastou da direção. “Adoro dirigir. Dirijo até hoje. Em viagens, a gente vai conhecendo tudo aos poucos, um ponto por vez. Eu sou um turista remunerado”, diz. Mas dirigir uma empresa exige também cautela. Em 2022, quando o mercado parecia promissor, recusou o pedido de compra da AGCO, de dez novos ônibus, por intuir que a economia não sustentaria o crescimento. “Ser empreendedor é ter coragem, mas também saber a hora de parar. Aprendi isso quando viajava para o Paraguai”, afirma.

Apesar do tom analítico, é o coração que mais move Gelson. Foi assim, inclusive, na hora mais difícil da empresa, quando um acidente quase inviabilizou o reparo de um dos principais ônibus da frota. O orçamento era R$ 150 mil para fazer o serviço em uma oficina especializada fora da cidade. Não havia esse recurso. A própria equipe da Giru's, liderada por colaboradores antigos, consertou o veículo em 20 dias. “Ali, eu entendi o que é ter uma família dentro da empresa”, diz, emocionado.

Entre os nomes que marcaram a história da Giru's, nenhum foi tão lembrado quanto o de Pedro Marx, o “tio Pedro”. Motorista querido por gerações de universitários, trabalhou 15 anos com Gelson e faleceu em 2022. “Ele era meu segundo pai. Disse que ficava comigo até a morte — e ficou. A Giru's era a vida dele, ele colocou a foto do nosso ônibus no seu perfil do Facebook”, lembra.
Atualmente, com cerca de 25 veículos em operação - a empresa chegou a ter 33 carros rodando simultaneamente - Gelson segue apostando na prudência. O foco está no fretamento, mas o turismo segue presente com viagens pontuais e parceria com a “Giru's pelo Mundo”, comandada por Deise Aline Belini. “O nosso sobrenome é Turismo, e a gente não abandona a raiz”, reforça.

Para Gelson, o Dia do Motorista é um lembrete de missão. “A estrada nos cobra atenção, mas também nos devolve histórias. A gente não carrega só pessoas — carrega sonhos, esperanças e lembranças”, define.
De trator no campo à liderança de uma empresa consolidada, Gelson Ruppelt é prova viva de que os grandes caminhos começam em estradas de chão. E que dirigir é vocação.

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