
Contratos e emendas parlamentares sustentam o Hospital Annes Dias, revelou o administrador da casa de saúde. Planos para atendimento de idosos, uso da telemedicina para suprir a falta de pediatras e leitos de retaguarda estão entre os projetos. Saiba como a comunidade pode ajudar a fortalecer a saúde pública.
Responsável pela gestão do Hospital Annes Dias, o diretor Odair José Funck aponta que o equilíbrio financeiro da instituição ainda depende fortemente de emendas parlamentares e apoio do município. “Hoje, 43% da nossa receita vem da Prefeitura e do SUS, e 32% de convênios. Sem as emendas e as parcerias locais, seria impossível manter a estrutura funcionando”, destacou. Em 2023, o hospital registrou déficit de mais de R$ 1 milhão na operação, coberto com R$ 1,4 milhão de recursos extras, o que garantiu um saldo positivo de R$ 423 mil no fechamento do exercício.
A carência de médicos especialistas é um dos principais gargalos enfrentados. Segundo Funck, não há hoje viabilidade econômica para manter plantões de especialidades como pediatria no hospital. "Temos apenas um pediatra atuando no SUS em Ibirubá. Não é possível manter sobreaviso diário com essa estrutura", explicou. O hospital estuda implementar telemedicina em parceria, garantindo apoio técnico imediato aos clínicos que atuam no plantão de urgência.
Entre as conquistas recentes, Funck destaca a nova ala com 26 leitos de retaguarda. “Nossa meta é garantir quartos individuais, suporte psicológico e reabilitação com fisioterapia e fonoaudiologia”, revelou. O projeto, já finalizado, aguarda apenas a liberação de um recurso federal de R$ 2,78 milhões anuais para ser habilitado oficialmente.
A gestão também prioriza a reorganização do atendimento eletivo para desafogar o plantão de urgência, que frequentemente é utilizado para consultas simples fora do horário de expediente. “O paciente procura o hospital à noite por não ter acesso a atendimento em horário estendido nas unidades básicas. Defendemos a ampliação de turnos nas UBSs”, explicou Funck.
Outro projeto em andamento é a modernização da infraestrutura hospitalar, incluindo a troca completa do telhado antigo, melhorias na segurança da rede de internet e a instalação de um novo equipamento de raio-x digital. “Cada melhoria feita amplia a capacidade de diagnóstico rápido dentro do próprio hospital, reduzindo a necessidade de deslocamentos externos e agilizando o atendimento”, afirmou. Segundo o diretor, parte dessas obras foi viabilizada com doações de entidades como Lions, Rotary e Casa da Amizade, além de emendas parlamentares destinadas especificamente a investimentos.
O diretor também criticou a dependência dos municípios menores em relação aos grandes centros de saúde, como Cruz Alta e Passo Fundo. “Precisamos construir soluções regionais. Não adianta reclamar que falta vaga em hospitais maiores se aqui na base não estruturarmos serviços próprios de média complexidade”, alertou. Funck defendeu que as prefeituras unam esforços para trazer especialistas e novos serviços de forma consorciada.
Apesar das dificuldades, o Hospital Annes Dias integra hoje o seleto grupo de apenas 5% dos hospitais brasileiros que fecharam o último ano com superávit financeiro. “Isso é fruto da gestão comprometida, do apoio dos clubes de serviço e da comunidade, e de uma equipe que faz muito, mesmo com recursos escassos”, afirmou Funck. Para 2025, a expectativa é otimista: a instituição poderá dobrar a captação de emendas e ampliar o atendimento local.