23 de setembro, 2019 08h09m Notícias Gerais

OAJ entrevista Dayala Marina Ubessi Streit

A Semana Farroupilha é comemorado com desfiles e eventos em homenagem a Revolução Farroupilha que ocorreu em 20 de setembro de 1835, e foi a mais longa revolução do Brasil, que durou quase dez anos e tinha como ideal liberdade, igualdade e humanidade. A semana farroupilha é uma semana que todos gaúchos vão para as ruas comemorar tomando um chimarrão. Para saber o que significa essa semana para uma prenda, conversamos com Dayala Marina Ubessi Streit, 20 anos, nascida e criada em Ibirubá, Técnica em Agropecuária pelo IFRS – Campus Ibirubá e acadêmica do curso de Agronomia do IFRS – Campus Ibirubá.

A prenda Dayala já foi 

1ª Prenda Mirim do CTG Rancho dos Tropeiros 2009/2010

1ª Prenda Mirim da 9ª Região Tradicionalista 2010/2011

2ª Prenda Mirim do Rio Grande do Sul 2011/2012

1ª Prenda Juvenil do CTG Rancho dos Tropeiros 2014/2015

1ª Prenda Juvenil da 9ª Região Tradicionalista 2015/2016

2ª Prenda Juvenil do Rio Grande do Sul 2016/2017

Prenda do CTG Rancho dos Tropeiros 2018/2019

e atualmente é 1ª Prenda da 9ª Região Tradicionalista 2019/2020

OAJ Desde quando iniciou no CTG?

Iniciei no tradicionalismo em agosto de 2007, aos 8 anos de idade, participando da invernada Artística Pré-Mirim do CTG Rancho dos Tropeiros. Aos 10 anos fui convidada para ser Prenda Mirim da entidade. Com a conquista da primeira faixa veio a ideia de alçar sonhos maiores, que com dedicação realizei todos até o momento. Além de ser Prenda de Faixa, já dancei nas invernadas Mirim, Juvenil e Adulta dentro desta entidade onde dei meus primeiros sarandeios. Desde os 10 anos participo também de Cavalgadas, com meu pai Marino e meu irmão Djônathan. Em 2016 recebi o título de Cavaleira Aspirante da ORCAV (Ordem dos Cavaleiros do RS). Em 2018 comecei a participar também de Rodeios Artísticos na categoria Declamação Feminina, onde neste ano participarei pela 2ª vez de uma Inter-Regional do ENART.

OAJ Qual suas referência dentro do CTG?

Não tenho uma pessoa como referência, mas todas as pessoas que me auxiliaram e me impulsionaram são exemplos para mim e seria injusto citar um nome se várias pessoas são, para mim, inspirações de tradicionalistas.

OAJ: Qual o papel da prenda no CTG e fora dele?

O papel da prenda de faixa é muito mais abrangente do que se imagina. Somos pessoas que lutamos não só pelo culto a tradição gaúcha, mas também, por uma sociedade mais justa e igualitária. Por isso desenvolvemos projetos tanto dentro do CTG, como na sociedade, como visitas às escolas, por exemplo.

OAJ: A importância de cultuar as tradições gaúchas?

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A forma de cultuar as tradições gaúchas vai muito além de comer um churrasco, tomar um chimarrão e saber dançar as danças tradicionais gaúchas. O culto a tradição gaúcha tem um papel social, de preservar os núcleos culturais, com valores morais. Hoje, os CTG´s são as únicas entidades onde todas as gerações convivem em perfeita harmonia.

OAJ: Qual a importância dos CTGs para manter viva a cultura gaúcha?

O tradicionalismo e as primeiras entidades tradicionalistas têm pouco mais de 50 anos de história, e a cultura gaúcha, cerca de 300 anos, algo novo ao analisar o tempo do mundo. Os CTG´s servem-se da cultura gaúcha, através das suas manifestações artísticas, literárias, esportivas e recreativas que enaltecem a figura do gaúcho para reforçarem um núcleo cultural. Através da experiência adquirida ao participar de uma entidade tradicionalista, o gaúcho sente orgulho em colocar uma pilcha que conta um pouco da nossa história, além de preservar valores importantes para nossa sociedade, como a honra a palavra empenhada, o respeito entre as pessoas, os valores morais e éticos, que por vezes estão caindo em esquecimento pela sociedade. E deve ser lembrado sempre, que através da manutenção da cultura gaúcha conseguimos aproximar as mais diversas gerações e grupos sociais com um único objetivo, assim fortalecendo não só a cultura gaúcha, mas a sociedade.

OAJ: Como vê o tradicionalismo hoje e como vê no futuro?

O tradicionalismo organizado tem diversos documentos que norteiam as ações dos tradicionalistas e das entidades, porém vejo que infelizmente parte desses documentos não são colocados completamente em prática. Acredito que isso ocorra porque ainda temos um longo caminho de quebra de paradigmas e de inserção de valores que foram perdidos com o tempo em nossa sociedade. Somos meros voluntários que doamos nosso tempo e nossa disposição para trabalhar para essa causa, mas mesmo sendo tradicionalistas, não somos perfeitos, porém trilhamos um caminho de fortalecimento da sociedade. Por isso, espero que esse trabalho “de formiguinha” que os tradicionalistas realizam seja mais valorizado pela comunidade, que o poder público e privado invista no ingresso e permanência principalmente de crianças e jovens, pois o meio tradicionalista constitui uma família, que presta apoio e ensina valores fundamentais para a vida em sociedade.

OAJ: Quais suas referências da cultura gaúcha?

Como a cultura é algo social, todas as pessoas que deixaram um legado são referências para as futuras gerações. Existem escritores, pesquisadores e folcloristas que deixam registrada essa cultura, e servem de referência para nós, tradicionalistas. Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, por exemplo, nos legaram a pesquisa de todas as danças tradicionais gaúchas que temos hoje. Além do legado do próprio tradicionalismo iniciado pelos jovens em 1947.

OAJ: O que significa a Semana Farroupilha para uma prenda?

A Semana Farroupilha é o momento onde a sociedade se volta ao culto às tradições gaúchas, por isso é importantíssima e serve como um veículo de projeção do trabalho realizado pelos tradicionalistas durante todo o ano. Talvez também sirva como um momento de reflexão sobre toda a história que ocorreu em solo gaúcho que serviu para a formação do gaúcho como ele é hoje. A semana farroupilha é muito associada a Revolução Farroupilha (1835-1845) por ter tido seus “heróis”, mas é necessário a lembrança de todos que fizeram com que essa revolta fosse tão importante para a construção da nossa identidade como povo gaúcho.

OAJ Deixe uma mensagem do seu sentimento em relação às nossas tradições gaúchas

Cyro Dutra Ferreira, um dos pioneiros do tradicionalismo disse algo que retrata o tradicionalista: “Mais cedo ou mais tarde, sempre chegará o dia em que teremos certeza de que não foi em vão, termos feito, sempre que possível, um pouquinho além daquilo que era nosso estrito dever.”

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