
Cruz Alta está próxima de receber um dos maiores investimentos de sua história recente com a proposta de implantação de uma usina de biodiesel pela SOLI3, uma cooperativa central formada pela união da Cotrijal, Cotripal e Cotrisal. O projeto, que será analisado pela Câmara de Vereadores promete movimentar R$ 1,25 bilhão em investimentos privados, com previsão de início da obra em 2026.
Com capacidade para processar 1 milhão de toneladas de soja por ano, a planta industrial ocupará 140 hectares e pode alcançar um faturamento de R$ 2,2 bilhões anuais, com arrecadação projetada de R$ 201,9 milhões em ICMS nos primeiros cinco anos. O governo municipal propõe incentivos fiscais como isenção de R$ 303 mil em ITBI e R$ 16,5 milhões em ISSQN, durante a fase de construção entre 2026 e 2028. A contrapartida exigida é o cumprimento de metas de geração de empregos, sob fiscalização da Coordenadoria Municipal de Desenvolvimento Econômico.
Durante a construção, o projeto deve empregar cerca de mil pessoas, e, com a operação, gerar mais 150 empregos diretos e 500 indiretos. A prefeita Paula Rubin Facco Librelotto (MDB), ao lado do vice-prefeito Moacir Júnior (PP) e dos deputados Rafael Braga (MDB) e Pedro Westphalen (PP), defende que os incentivos são estratégicos, estimando retorno superior às renúncias fiscais, com ganho acumulado de R$ 188,2 milhões em ICMS entre 2028 e 2032.
A proposta segue normas da Lei Complementar 116/03 e da Lei de Responsabilidade Fiscal. O cumprimento de metas fiscais e a cobertura orçamentária foram atestados por pareceres técnicos.
Origem do investimento ainda não foi detalhada pela cooperativa recém-criada
Embora o projeto da usina prometa transformar Cruz Alta, ainda não está claro de onde virão os R$ 1,25 bilhão anunciado no projeto encaminhado para a Câmara. A cooperativa central foi formalizada em outubro de 2024, com sede em Panambi e sem capital social declarado em seu CNPJ. Com menos de um ano de existência e sem histórico financeiro público, a entidade ainda não divulgou como pretende financiar um dos maiores empreendimentos da região.
A SOLI3 é formada pela união de três cooperativas consolidadas — Cotrijal, Cotripal e Cotrisal — o que sugere que o aporte pode vir das fundadoras ou de linhas de crédito junto a instituições como o BNDES ou BRDE. No entanto, o projeto de lei enviado à Câmara de Vereadores não apresenta um plano financeiro detalhado, nem comprovação de capacidade de investimento imediato.
Cooperativas fundadoras têm histórico sólido e presença regional expressiva
Diante das renúncias fiscais previstas, a transparência sobre o modelo de capitalização da SOLI3 será essencial para garantir segurança jurídica ao município e evitar riscos futuros com um projeto ainda em fase inicial de estruturação
Apesar da recente criação da SOLI3, as cooperativas que formam sua base — Cotrijal, Cotrisal e Cotripal — são reconhecidas pela solidez financeira e forte presença no agronegócio gaúcho.
A Cotrijal, com sede em Não-Me-Toque, é a única com sede na região do Alto Jacuí. É uma das maiores cooperativas do Brasil e promotora da Expodireto. A Cotripal, sediada em Panambi, atua em diversos ramos, incluindo supermercados, postos de combustível e beneficiamento de grãos. Já a Cotrisal, com sede em Sarandi, tem trajetória consolidada no comércio agrícola e prestação de serviços técnicos. Nossa reportagem procurou a prefeita Paula Facco Librelotto para detalhar o anúncio, mas ela informou que só vai se manifestar após o anúncio oficial por parte da SOLI3. Em contato com a Central de Cooperativas, não recebemos o retorno sobre quando será o anúncio oficial do investimento e das operações da futura indústria de biodiesel.