23 de Junho, 2025 14h06mEntrevista por ANDREI GRAVE

Com experiência consular, Neiva Zanatta orienta sobre cidadania italiana

A saga de quem busca a cidadania italiana vai além da burocracia — é um reencontro com as origens e raízes na Europa.

Com cerca de 30 milhões de brasileiros descendentes de italianos, o sonho da cidadania italiana continua vivo em muitas famílias — e também cercado de burocracia. A professora aposentada Neiva Zanatta, natural de Arroio Grande, entre Selbach e Ibirubá, dedicou 15 anos de sua vida profissional ao atendimento em consulados italianos, primeiro em Porto Alegre e depois no Rio de Janeiro. “Foi o trabalho mais bonito que já fiz”, conta. Embora formada em Letras pela PUC, foi o encantamento com a língua italiana e o envolvimento com um coral de imigrantes vênetos que despertaram seu interesse pela cidadania e, depois, pelo trabalho consular.
Segundo Neiva, o direito à cidadania italiana é baseado no ius sanguinis — direito de sangue —, sendo obrigatório comprovar a descendência direta por meio de documentos oficiais. O ponto de partida é a certidão de nascimento do antepassado italiano, conhecido como Dante Causa. “Sem esse documento, não há processo. E se o bisavô se naturalizou brasileiro antes de ter filhos, perde-se o direito”, alerta. Outro fator que complica muitos pedidos é a data de nascimento das mulheres na linhagem: “Italianas nascidas antes de 1948 não podiam transmitir a cidadania aos filhos. Isso causou dor a muitas famílias”.
Neiva lembra que o processo é lento, caro e exige persistência. “Levei dez anos para reunir toda a documentação e obter a minha cidadania. Na época, nem havia internet. Escrevi mais de 200 cartas para comunes italianos”, relata. Ela destaca ainda que a estrutura consular é limitada frente à enorme demanda. Só no Brasil existem cinco consulados italianos — em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Recife — e uma embaixada em Brasília. No mundo todo, são 128 consulados oficiais e mais de 200 escritórios honorários.
Com a alta procura, especialmente após a permissão da dupla cidadania a partir de 2001, muitos brasileiros veem no reconhecimento uma chance de honrar suas raízes ou buscar oportunidades fora do país. “Alguns querem viver na Itália. Outros apenas desejam ser reconhecidos como descendentes. É uma saudade ancestral que mora nos nossos genes”, diz. Para quem está começando, a dica de Neiva é buscar orientação confiável, reunir todos os registros civis com calma e verificar, desde o início, se houve naturalização do antepassado. “Evita frustrações depois. A cidadania é um direito, mas exige provas claras, e o processo, mesmo com o novo decreto, continua exigente.”

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