A jornalista e pesquisadora Daniela da Silva trouxe à luz uma questão latente para o município de Ibirubá em entrevista à Rádio Cidade: a sustentabilidade. Sua dissertação de mestrado, apresentada recentemente na Universidade de Cruz Alta (Unicruz), examina a comunicação e a conscientização ambiental em torno da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Cidadania Sustentável de Ibirubá, identificando a comunicação como elemento-chave para o sucesso da reciclagem no município.
Segundo Daniela, que atuou ao lado dos catadores no projeto "Profissão Catador" da Unicruz, diversas falhas ainda precisam ser corrigidas, especialmente na coleta seletiva. Ela explica que a ausência de um contrato de coleta com a prefeitura e a falta de uma comunicação efetiva sobre os dias e horários de recolhimento do lixo reciclável prejudicam o trabalho dos catadores. “A associação depende basicamente de doações, o que impede uma renda contínua. Com a coleta seletiva, haveria um aumento no volume de materiais recicláveis, o que beneficiaria tanto o meio ambiente quanto a renda dos catadores,” afirmou.
A pesquisa também destacou a importância de incluir escolas, empresas e bairros no processo de conscientização ambiental. Para Daniela, as ações de comunicação devem partir da interação direta com esses grupos, promovendo palestras e parcerias com os veículos de comunicação locais. A pesquisadora acredita que uma comunicação integrada, que envolva a participação dos catadores em escolas e empresas, é uma forma eficaz de aproximar a população do trabalho da associação.
“Quando crianças e adolescentes recebem esse tipo de conscientização nas escolas, elas levam o conhecimento para dentro de casa. Essa ação educativa é essencial para a mudança de comportamento da comunidade em relação ao descarte de resíduos,” disse.
Entre os pontos mais delicados abordados pela pesquisa, Daniela enfatiza a necessidade de apoio da administração municipal com a divulgação dos horários de coleta e o restabelecimento do contrato de coleta seletiva, suspenso desde 2021. Sem esse vínculo, a associação sobrevive apenas das doações espontâneas, o que reduz a renda dos catadores e limita o impacto ambiental positivo que poderiam proporcionar.
A pesquisadora sugere que a prefeitura adote um planejamento para informar os munícipes sobre o cronograma da coleta seletiva, incentivando a colaboração na separação dos resíduos. A falta desse apoio administrativo afeta o volume de lixo reciclado no município, que poderia ser direcionado à associação. O estudo propõe, como parte da solução, a criação de um planejamento comunicacional voltado à sustentabilidade e à renda dos catadores. As redes sociais e os veículos de comunicação seriam os canais para essa iniciativa. “Uma comunicação eficaz pode gerar uma cidade mais limpa e engajada, promovendo um ciclo sustentável que só traz benefícios,” acrescentou Daniela. Outro ponto de melhoria é a possível criação de uma parceria entre a administração pública e o Instituto Federal da cidade para o desenvolvimento de aplicativos que auxiliem na comunicação entre catadores e munícipes, facilitando o processo. Ela finaliza com uma reflexão sobre o valor da pesquisa acadêmica em prol do bem-estar coletivo, defendendo a aproximação entre universidade, comunidade e poder público. “Meu desejo é que minha pesquisa seja uma contribuição para que Ibirubá se torne um modelo em sustentabilidade,” concluiu. A pesquisadora segue à disposição para compartilhar o trabalho com qualquer pessoa interessada nessa área.“Meu desejo é que minha pesquisa seja uma contribuição para que Ibirubá se torne um modelo em sustentabilidade,” concluiu.