A Cotribá independente das crises que são cotidianas no cenário do agronegócio está cada vez mais focada no seu fortalecimento como uma entidade cooperativista que é esteio de apoio para a agricultura na região e no estado, com uma projeção de  faturamento de R$ 7 bilhões nos próximos anos, a mais antiga cooperativa agropecuária do Brasil tem grandes planos para o futuro.

Em uma entrevista exclusiva na Redação Integrada da Rádio Cidade e Jornal O Alto Jacuí,  o presidente da Cotribá, Celso Leomar Krug, discutimos os diversos aspectos do cenário agrícola em 2023, desde a estiagem de três anos até a preocupação com a escassez de dinheiro no setor agropecuário. Celso Leomar Krug expressou sérias preocupações em relação à estiagem, que assolou algumas regiões agrícolas por um período de três anos. Segundo ele a estiagem não apenas prejudicou as atividades de Agricultura e Pecuária, mas também afetou negativamente o giro financeiro no setor, uma peça fundamental para a economia local e regional. "Eu acho que é bom ressaltar que tivemos a frustração no milho e na soja", comentou Krug.      Ele continuou detalhando as situações específicas das culturas: "A cooperativa, como de costume, teve uma safra recorde no ano passado com o trigo, o que foi fundamental para recompor um pouco o produtor que estava precisando. Além de ter uma boa produtividade no trigo, tivemos excelentes preços. Então, o produtor aproveitou a oportunidade." explicou, Krug prosseguiu, ressaltando as complexidades da produção de trigo: "Nós investimos muito na cultura de inverno, tanto no trigo quanto na canola. Infelizmente, a cultura estava se desenvolvendo bem e começou a questão da geada que prejudicou bastante. Agora, estamos vendo na colheita que a geada realmente foi prejudicial e, depois, o excesso de chuva. Se a gente analisar, tem um excesso de chuva, mas nós precisamos de chuva para as culturas de verão. É difícil de conciliar".
A bacia leiteira em foco
O presidente da Cotribá também destacou a preocupação em relação à produção de leite, uma atividade que enfrenta desafios significativos na atualidade.
"O problema é que não estão ficando na atividade. Tem muita gente que está indo para a cidade. Quando esse pessoal falecer, o que que vai acontecer? Essa propriedade vai para o vizinho, mais gente que vai sair da atividade. Os filhos não ficam. Se nós olhar para o interior, quantos produtores têm que estão aposentados pelo Fundo Rural? A aposentadoria deles são os seus 20 ou 30 hectares de terra. Os filhos estão indo para a cidade", ressaltou Krug. Em relação à produção de leite, o presidente explicou as dificuldades enfrentadas pelos produtores: "A produção de leite é um grande problema. Não estamos conseguindo remunerar os custos. Estamos vendo uma redução significativa na quantidade de produtores, o que afeta a economia local e regional. Até cinco anos atrás, havia cerca de 80.000 produtores de leite no estado. Hoje, temos cerca de 36.000 produtores. Se essa tendência continuar, a atividade leiteira no Rio Grande do Sul poderá ser reduzida para apenas 30.000 produtores."
A sucessão rural
Em meio a essas preocupações, Krug enfatizou a importância de encontrar soluções para manter a renda no campo e incentivar a sucessão familiar nas propriedades rurais. Ele ressaltou que o setor agropecuário desempenha um papel fundamental na economia e na comunidade local, e é essencial garantir seu crescimento e sustentabilidade.
Krug também expressou preocupações sobre a migração dos jovens do campo para a cidade. Segundo ele, a modernidade e a tecnologia contribuíram para essa tendência, já que os jovens buscam oportunidades na era digital. No entanto, o interior oferece todas as comodidades modernas, incluindo telefone, internet e estradas. O problema, na visão de Krug, é a falta de conscientização e o incentivo para que os jovens permaneçam no campo.Ele enfatizou a importância de tratar o agricultor como um empresário, independentemente do tamanho da propriedade. Segundo Krug, os agricultores precisam diversificar suas atividades para garantir renda ao longo do ano. Ele compartilhou exemplos de agricultores que combinam pecuária, produção de leite e cultivo de grãos.
No contexto da Cotribá, Krug mencionou os planos de construir uma unidade básica de sementes e aumentar a capacidade de armazenagem. Ele destacou o crescimento da cooperativa em regiões de fronteira e a importância de investir com cautela para enfrentar os desafios financeiros. A meta da Cotribá é aumentar de 13 para 18 milhões de sacas a armazenagem total da Cotribá.  
Faturamento
Krug também mencionou a necessidade de melhorias na logística e no transporte, incluindo a expansão da capacidade de armazenagem e a modernização da rede ferroviária. Ele enfatizou a importância de manter o foco nas necessidades dos produtores e da comunidade. Sobre os números da cooperativa, Krug revelou que a Cotribá busca superar o faturamento de 2022, apesar dos desafios climáticos. Ele compartilhou planos de expansão, incluindo a construção de uma fábrica de rações e uma unidade de sementes. A meta é atingir  faturamento de 7 bilhões de reais nos próximos cinco anos.