
Ex-jogador de futebol e soldador, Luciano sofreu grave lesão enquanto ajudava o cunhado a construir um portão. Pai de dois filhos pequenos, ele enfrenta um longo tratamento e conta com a solidariedade da comunidade de Ibirubá.
Na tarde do dia 8 de março, data marcada pelo clássico Gre-Nal, a rotina de Luciano Vargas, 36 anos, foi abruptamente interrompida por um acidente doméstico que mudou sua vida. Durante a construção de um portão na casa do cunhado Maurício, uma barra de ferro usada como alavanca escapou e perfurou o olho esquerdo de Luciano. O que seria um ajuste final na estrutura se transformou em uma emergência médica. “Na hora eu já sabia. Disse para os guris: perdi meu olho”, contou, com a serenidade de quem encara a vida com fé.
Ex-lateral esquerdo conhecido nos campos da região, soldador da empresa Vence Tudo, Luciano também atua como evangelizador. Com a voz tranquila, ele compartilhou seu relato em entrevista transmitida ao vivo pela Rádio Cidade e pelo canal do Jornal O Alto Jacuí no YouTube. Acompanhado pelos cunhados Ezequiel e Maurício, Luciano emocionou a comunidade ao narrar cada detalhe, desde o momento do acidente até a cirurgia em Porto Alegre.
“Na hora não deu tempo de defesa. Eu tinha tirado a máscara, pois só faltava um detalhe. Fiz força com a barra de ferro, ela escapou e veio direto no meu olho. Já senti a perfuração e me mantive calmo. Disse: ‘Vamos para o hospital’. Só pensava em não entrar em pânico para não assustar ainda mais quem estava comigo”, relatou.
Após o primeiro atendimento em Ibirubá, Luciano foi transferido para o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, onde passou dois dias sem comer e sem saber se perderia o globo ocular. “Fiquei dois dias na maca, sem notícia. Só soube o que seria feito quando já estava na sala de cirurgia”, disse. Segundo ele, a médica responsável optou por tentar preservar o olho: “Ela me disse: ‘Como você é jovem, vou abrir e avaliar. Se tiver como salvar, deixo. Se não, vamos retirar’. E graças a Deus, ela deixou o olho”.
A recuperação, porém, é incerta. O especialista que o atendeu em Passo Fundo explicou que, nos próximos três meses, o foco será evitar infecções e manter o olho estável. A possibilidade de recuperar a visão será avaliada apenas depois de seis meses de acompanhamento intensivo. “Hoje, meu dever é cuidar do olho bom. O outro está em processo de espera e esperança”, contou Luciano.
Além do trauma físico e emocional, o acidente trouxe implicações financeiras. Luciano está afastado do trabalho e é o provedor de sua família. A esposa, Larissa, está em casa cuidando do bebê de dois meses e da filha de quatro anos – recentemente, ela também foi diagnosticada com dengue. “Estamos sobrevivendo pela fé, com a ajuda dos cunhados, sogros, irmãos da igreja, amigos e vizinhos”, disse, emocionado.
Para ajudar nos custos das consultas, deslocamentos e manutenção da família, uma campanha solidária foi criada. A chave Pix para doações é o número (54) 9 9925-2154, em nome de Luciano Israel Vargas. Uma rifa também está sendo organizada, com prêmios doados pela comunidade.
“Foi ele quem nos acalmou. Mesmo com o olho perfurado, ele orava pelas outras pessoas no hospital”, relatou Maurício. Ezequiel completou: “Nunca vi uma força dessas. Quando entrei no quarto, ele estava ajoelhado, orando”.
A história de Luciano vai além do acidente. É sobre fé, resiliência e comunidade. Um homem que, mesmo ferido, inspira outros a crer. “Eu não culpo o ferro, nem minhas mãos. Só digo: ‘Pai, eu aceito o propósito, mas quero passar por isso contigo’.”
Luciano fez questão de agradecer às dezenas de pessoas que, de alguma forma, já o ajudaram. “Você talvez nem saiba, mas eu já oro por ti. Sempre fiz isso. Subo o morro, olho para Ibirubá e oro. Não para aparecer, mas porque acredito que Deus está com aqueles que O buscam. Que o pão não falte na tua casa. Que saúde, alegria e amor transbordem sobre ti.” finaliza a entrevista.