
Embora entregue resultados em áreas sensíveis como saúde e obras, o COMAJA começa a ser cobrado por prefeitos que pedem mais participação nas decisões e controle dos gastos em diárias e ressarcimentos.
A força de um consórcio não está apenas na soma dos municípios que o compõem, mas na capacidade de transformar cooperação em resultados. É assim que o COMAJA – Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal dos Municípios do Alto Jacuí e Alto da Serra do Botucaraí tem operado sob a presidência do prefeito de Saldanha Marinho, Volmar Telles do Amaral, conhecido como Piti. Com um orçamento que ultrapassa R$ 118 milhões em 2025, o consórcio atua em diversas frentes: da saúde à infraestrutura, das licitações conjuntas ao turismo regional, da iluminação pública à fiscalização sanitária.
“Hoje os municípios não se veem mais sem o COMAJA. É a principal ferramenta de apoio à gestão pública regional. Resolve problemas, agiliza processos, amplia a capacidade de investimento dos pequenos municípios”, afirmou Volmar durante entrevista concedida à Rádio Cidade Ibirubá.
Uma das frentes mais consolidadas do COMAJA é a saúde pública, especialmente nas demandas de média e alta complexidade. O consórcio atua como intermediador nas contratações com hospitais, clínicas e laboratórios. Até agosto de 2025, os municípios consorciados já haviam investido mais de R$ 32 milhões em exames, cirurgias e atendimentos especializados via COMAJA. O município de Ibirubá, por exemplo, pagou mais de R$ 1 milhão em setembro através do Consórcio.
“A demanda aumentou muito após a pandemia. O cidadão bate à porta da prefeitura, e o prefeito quer resolver. Mas os custos são altos. É preciso equilíbrio”, diz Volmar.
O consórcio também se destaca pela gestão de licitações compartilhadas, que têm garantido agilidade na compra de bens e serviços para os municípios. Desde pneus até medicamentos, passando por materiais de construção e equipamentos, os processos conduzidos pelo COMAJA têm gerado economia e praticidade. “Se eu preciso de pneu lá em Saldanha, consulto a ata e em poucos dias estou atendendo a comunidade. Não preciso abrir um processo do zero”, explicou.
Outro marco da gestão do consórcio foi o projeto de modernização da iluminação pública com lâmpadas de LED, iniciado em 2017 e ampliado em 2020. A iniciativa resultou em economia de até 70% na conta de luz para alguns municípios e foi custeada principalmente com os recursos da CIP – Contribuição de Iluminação Pública. “Visitamos fábricas, analisamos modelos, escolhemos qualidade. O resultado é um parque de iluminação mais eficiente e duradouro”, comentou.
Na infraestrutura viária, o COMAJA administra hoje obras em rodovias estaduais como a RS-451 (Colorado–Não-Me-Toque) e a RS-510 (Fortaleza dos Valos–Cruz Alta), em parceria com o governo do Estado e empresas privadas. Com investimentos que somam mais de R$ 68 milhões, os projetos enfrentaram entraves técnicos, como a troca de pedreira sem autorização prévia do DAER, mas seguem avançando. “Já pagamos mais de R$ 11 milhões nas duas obras. A nona medição está sendo processada e com a chegada do verão, os trabalhos devem ganhar ritmo. Nossa expectativa é concluir essas etapas o quanto antes”, disse o presidente.
Outro projeto de grande impacto, que nasceu ainda em 2020, foi o videomonitoramento regional, implantado em diversos municípios como instrumento de segurança pública e fiscalização. Também há ações em andamento no setor de turismo, com fortalecimento da Rota das Terras Encantadas e eventos como a palestra da jornalista Cristina Ranzolin, realizada em Ibirubá com apoio do COMAJA.
Questionado sobre a gestão, os gastos administrativos e as diárias do consórcio, Volmar foi enfático: “O importante é o resultado. O consórcio tem que andar, buscar soluções, dialogar com prefeitos e órgãos estaduais. As despesas existem, mas são justificadas. Prestamos contas ao Conselho de Prefeitos e seguimos regras do Tribunal de Contas”. Ele também anunciou que o COMAJA estuda alternativas como terceirização de veículos ou aquisição própria, mas ponderou que a legislação atual exige motorista público habilitado, o que dificulta a adoção de carros oficiais.