Em 15 anos de carreira no futebol amador, ibirubense coleciona 68 troféus individuais como melhor jogador
Aos 45 anos André da Rosa coleciona histórias e conquistas no futebol de Ibirubá. Acumula 68 troféus individuais como melhor jogador em 15 anos de carreira.
Em entrevista ao Baú do Esporte, quadro da Rádio Cidade e do Jornal O Alto Jacuí, André relembrou os momentos que mais marcaram sua caminhada.
“Tive muitos ganhos no futebol, mas acho que mais perdi do que ganhei. Mas o mais importante é o legado que fica, as amizades que conquistei ao longo desse tempo”, afirma.
Filho de Dona Nelci e seu Osvaldo, popular “Pernambuco”, André nasceu e cresceu na última rua do Bairro Progresso. Ao lado dos irmãos precisou enfrentar logo cedo as dificuldades e os obstáculos que a vida emprega.
Uma juventude saudável, com amigos e vizinhos que André leva até hoje.
“Foi uma juventude muito sadia, nos divertimos muito. Mas passou muito rápido, logo cedo começamos ajudar em casa e tivemos que trabalhar”, relembra André.
Com os pais separados, não conseguiu terminar o primeiro grau. Trabalhou como engraxate, entregador de jornal e vendedor de picolé. O que fosse necessário para manter a família.
Entre os desafios dessa fase da vida, um deles André lembra com emoção. O irmão Jackson foi diagnosticado com leucemia e lutou muito pela vida até conseguir estabilizar a doença.
O irmão mais novo Cristiano ainda mora com a mãe. “Hoje cada um tem suas famílias, eu tenho minha esposa, meus dois filhos”, conta o pai do Yuri Felipe e do Artur Gabriel.
Os primeiros momentos no esporte
O início da história de André com o esporte foi nos campos de chão batido do Bairro Progresso. Em uma época onde as fileiras eram de bambu.
Em meados da década de 90, o primeiro clube de André foi o São José. Foi quem lhe abriu as portas para o esporte, ainda na categoria de base.
Logo depois foi jogar no Bairro Hermany, onde fez um campeonato muito bom já na primeira divisão.
“Lembro que comecei a me destacar no Hermany e para voltar ao São José foi uma briga, pois já existiam investimentos”, relembra.
André jogou como zagueiro. Segundo ele inicialmente a posição era como lateral direito, mas não era promissor.
“Quando fui jogar no Hermany fui como zagueiro e foi dando certo”, conta. Em 1997 Andrei voltou a jogar no São José e logo depois já estava no grupo principal do Juventude. Uma ascensão rápida que nem mesmo ele imaginava.
“Quando vi já estava dentro do amador, antes era alambrado, olhando e recolhendo as bolas. Quando vi estava em um dos times que eu admirava”, destaca.
O primeiro ano no Juventude foi marcado por viagens. André conta que apenas viajou com os demais jogadores, para sentir como realmente era o futebol na prática, a titularidade só chegou um ano depois, em 1998.
Andre capitão
O “André Capitão" surgiu depois dos anos 2000. Um apelido dado pelos amigos e pelo pai. Depois dos campeonatos amadores André foi jogar fora, jogou em Quinze de Novembro e em Selbach, onde conheceu sua esposa.
O primeiro título na carreira foi com o São José, em 1997. Ele lembra com emoção que o pai atravessou o campo de joelhos, cumprindo uma promessa.
“Nunca vou esquecer, ele fez uma promessa e atravessou o campo de joelhos. Foi uma época muito boa, dava graça jogar os clássicos”, relembra André que pela personalidade forte também colecionou cartões e expulsões.
Depois dos anos 2000 a prioridade de André era o municipal de Selbach, um campeonato mais forte e estruturado e que lhe garantia pagamentos melhores.
Por Selbach ele conquistou três títulos. Voltou à Juventude em 2004, ano em que perderam o amador em casa e o sul brasileiro.
“Lembro que nesse ano saí de Ibirubá como titular e cheguei lá como reserva. Perdemos, me barraram na final, mas são coisas do futebol”,
Campeão com o Grêmio em 2008
Um personagem principal de toda essa história, amigo e padrinho do filho de André é Abel Grave.
Quando nem imaginava que seria prefeito de Ibirubá, Abel foi protagonista na vida dos amigos e do time do Grêmio. André conta que era Abel quem por muito tempo direcionou onde ele iria jogar.
“Quando o Abel se envolveu no esporte ele também me abraçou. Sai do Juventude para ir para o Grêmio por ele. Ele me segurou muito no São José, mas quando saiu eu saí com ele”, conta.
Em 2005 André voltou para o Grêmio e em 2008 conquistou o campeonato amador. Foi o momento que ele considera o mais marcante e o que faltava nessa caminhada.
O grupo havia perdido o primeiro jogo em Porto Alegre e na concentração enquanto estavam no vestiário, foi Abel quem trouxe uma lição de motivação aos jogadores.
“Foi um domingo de tarde de 2008, ele entrou no vestiário, mexeu com o emocional de todos os jogadores. Foi no vestiário onde ganhamos o título”, relembra emocionado.
Muito mais que títulos
O futebol trouxe muitos ganhos a André, além das amizades, foi a partir dos jogos e da sua valorização na hora das contratações que possibilitou a construção da sua casa.
O comprometimento como o atleta também sempre esteve presente. André parou de jogar muito cedo, devido a um problema na coluna.
Com o tempo a coleção de camisetas, recortes de jornais, troféus, foram se perdendo, mas não saem da memória.
No começo a possibilidade de investir na carreira profissional até surgiu para André, mas na época os jogadores do futebol varzeano ainda ganhavam melhor.
“Por onde andamos fizemos grandes amizades, o futebol te proporciona isso, conquistar novas pessoas”, afirma.
O artilheiro de muitos times, que colecionou gols de pênalti, gols em finais, gol de cabeça e que sabia concluir quando necessário, não pensa em voltar para o futebol.
André conta que até chegou a ser convidado para participar de direções de clube, mas percebeu que não era essa sua função. “Quando parei, parei mesmo”, conta.
Uma cirurgia no joelho que lhe deixou longe dos campos por alguns meses e logo depois um problema de coluna, que persiste até hoje, foram os principais motivos para encerrar a carreira.