20 de janeiro, 2025 14h01m Agronegócio por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

Safra de verão no Alto Jacuí enfrenta desafios com estiagem e temperaturas elevadas

Engenheiro agrônomo Anildo Carboni explica o impacto das condições climáticas nas lavouras e como os produtores buscam minimizar perdas.

A safra de verão no Alto Jacuí apresenta dificuldades em 2025 devido à irregularidade das chuvas e às altas temperaturas registradas nos últimos meses. Segundo o engenheiro agrônomo Anildo Carboni, o cenário exige estratégias bem planejadas para mitigar os impactos climáticos e preservar a produtividade.

Em entrevista a equipe do Jornal O Alto Jacuí,  Anildo Carboni, engenheiro agrônomo com quase três décadas de experiência, detalhou a situação das lavouras de verão na região do Alto Jacuí, com foco em culturas como milho e soja. "As lavouras estão enfrentando condições bastante desafiadoras. A falta de chuvas regulares e o calor excessivo têm prejudicado o desenvolvimento das plantas, especialmente no período crucial de polinização", afirmou.
Anildo destacou que, embora o mês de dezembro tenha registrado boas precipitações em algumas áreas, o período de pendoamento do milho coincidiu com a escassez de chuvas e temperaturas altas. “Sem água e com calor, a polinização é comprometida. Em muitas lavouras, as espigas não conseguiram se formar completamente, o que compromete o rendimento”, explicou.
A situação, segundo Carboni, é particularmente preocupante em regiões como Ibirubá e Santa Bárbara, onde lavouras estão registrando perdas significativas. “Tem produtores que não devem colher nem 100 sacas por hectare, o que mal cobre os custos de produção”, comentou.
Além disso, o engenheiro agrônomo explicou que o milho destinado à silagem também sofre com o clima adverso, mas destacou que os produtores têm agilizado a colheita para tentar garantir a segunda safra. “É um ciclo apertado. Quem colhe milho para silagem já precisa replantar rapidamente, seja para nova safra de milho ou para soja. Contudo, isso depende da janela de plantio e de condições climáticas adequadas”, acrescentou.
Sobre a soja, Anildo ressaltou que o plantio e o desenvolvimento inicial foram positivos em boa parte das áreas, graças às chuvas de dezembro. Porém, a continuidade de altas temperaturas pode trazer problemas, como abortamento de flores e vagens. "Se as temperaturas ultrapassarem 34°C por vários dias, mesmo com umidade no solo, haverá perdas na formação das vagens. A planta sofre como nós: com calor, ela transpira mais do que consegue absorver", comparou.
A importância da irrigação e manejo
Carboni destacou também a relevância da irrigação em anos como este, apontando que áreas irrigadas apresentam maior resiliência. “Nas áreas com pivô central, estamos vendo rendimentos que podem chegar a 250 sacas por hectare no milho, enquanto áreas de sequeiro estão abaixo de 100. Isso mostra a diferença que a irrigação faz”, disse.
Entretanto, ele ponderou que a falta de recursos hídricos na região e os altos custos de instalação ainda limitam a expansão da irrigação. “Água é o maior desafio. Sem ela, até o pivô se torna inútil. Precisamos de mais investimentos em armazenamento e conservação de recursos hídricos”, concluiu.
Um cenário desafiador
Apesar das dificuldades, Anildo reforçou a importância do planejamento e do uso de tecnologias para minimizar perdas. Ele citou a necessidade de monitorar constantemente as condições das lavouras e ajustar o manejo de acordo com a realidade climática.
Com uma previsão de chuvas abaixo da média para as próximas semanas, os produtores do Alto Jacuí precisam redobrar os esforços para atravessar este período crítico. “A safra de verão é sempre uma indústria a céu aberto, cheia de riscos. O que podemos fazer é planejar e buscar soluções para amenizar os impactos”, finalizou Anildo.

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Previsões climáticas apontam cenário desafiador para o Rio Grande do Sul nos próximos meses

As projeções climáticas para o início de 2025 indicam um cenário desafiador para as principais regiões produtoras do Rio Grande do Sul, conforme análise da CEO e cofundadora da Agrymet, Bárbara Sentelhas. O destaque é a continuidade de condições adversas de balanço hídrico e a influência de fenômenos climáticos globais, a possível transição de uma neutralidade para uma fase de La Niña.
Condições atuais do balanço hídrico
Os níveis de armazenamento de água no solo mostram quedas significativas em algumas regiões, especialmente no centro-oeste do estado, que já enfrenta condições críticas. Essa situação é positiva para lavouras prontas para colheita, permitindo melhor tráfego de maquinário, mas traz riscos de quebra de safra para plantações ainda em fase de enchimento de grãos. Previsões para os próximos meses
• Chuvas: Modelos climáticos indicam anomalias negativas na precipitação. Segundo o Inmet e o modelo europeu, as chuvas devem ficar de 10 a 50 mm abaixo da média histórica no trimestre janeiro-março. O modelo americano, por sua vez, aponta incerteza quanto a mudanças significativas.
• Temperaturas: Há consenso entre os modelos de que as temperaturas estarão acima da média. A combinação de tempo seco e altas temperaturas pode agravar os desafios para os produtores rurais. Essas condições climáticas exigem maior atenção do setor agrícola para o planejamento e manejo das lavouras, especialmente no que se refere à gestão hídrica e proteção contra o estresse térmico. 

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