02 de dezembro, 2024 15h12m Agronegócio por Jardel Schemmer- Repórter Rádio Cidade 104.9

Agricultura em Ibirubá enfrenta desafios com estiagem, pragas e endividamento

Leonir Fior Presindente do STR de Ibirubá, aponta necessidade de políticas públicas efetivas e valorização dos pequenos produtores.

Os agricultores de Ibirubá enfrentaram um 2024 marcado por estiagens, pragas e um suporte governamental considerado insuficiente. Leonir Fior, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibirubá, destacou em entrevista à Rádio Cidade as dificuldades vividas pelo setor e a importância do sindicato como ferramenta de apoio e defesa. 

Estiagens prolongadas, pragas como a lagarta nas lavouras e o alto custo de produção agravaram a situação de um setor que já enfrentava desafios anteriores. Leonir Fior, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibirubá, trouxe um panorama detalhado em entrevista à Rádio Cidade, enfatizando a importância de políticas públicas eficazes e maior suporte financeiro para garantir a sobrevivência dos pequenos produtores.
“Produzir tem sido um grande desafio. O custo está muito alto, enquanto os preços dos produtos agrícolas permanecem baixos. Além disso, a falta de chuva e os ataques de pragas acabaram reduzindo muito a produtividade. Esperávamos uma colheita melhor no inverno, mas ela ficou aquém do planejado”, explicou Fior. A frustração com os resultados reflete também no endividamento crescente. “O agricultor já vinha endividado de safras anteriores. Hoje, ele já comprometeu sua terra, sua casa e até bens pessoais como garantias para os bancos. Sem apoio governamental efetivo, a situação só piora.”
Apesar de anúncios de crédito emergencial pelo governo, Fior foi categórico ao afirmar que o problema vai além do acesso ao crédito. “O crédito está disponível, mas o agricultor não consegue mais assumir dívidas, pois não tem como pagar. Sem uma política de perdão de dívidas ou um seguro agrícola eficiente, o cenário fica insustentável.”
Outro ponto crítico levantado foi a crise na produção leiteira. Fior destacou que muitos pequenos produtores têm abandonado a atividade, mesmo com preços estabilizados. “O leite é uma renda mensal que mantém a propriedade funcionando. Quem depende apenas de grãos não consegue sobreviver diante das frustrações de safra. É doloroso ver pequenos produtores deixando a atividade porque não conseguem equilibrar os custos.”
Leonir Fior também chamou atenção para a necessidade de fortalecer os programas que incentivem a agricultura diversificada e a produção de alimentos. Ele ressaltou o papel dos agricultores de Ibirubá na produção para a merenda escolar e na feira local, mas lamentou a falta de divulgação desse trabalho. “Temos muitas pequenas propriedades que produzem alimentos de qualidade, mas elas não recebem a visibilidade que merecem. É preciso valorizar esses produtores, que são essenciais para a segurança alimentar do município.”
Quando questionado sobre o papel do sindicato na luta por melhores condições, Fior reforçou que a entidade é uma ferramenta indispensável para os agricultores. “O sindicato não é apenas uma estrutura local; ele faz parte de uma rede nacional que luta pelos interesses do setor. Estamos aqui para atender, ouvir e buscar soluções para os nossos associados. Mas precisamos também que o poder público faça sua parte. O orçamento destinado à agricultura é insuficiente para as demandas que temos.”
Sobre a relação com a prefeitura, Fior avaliou como positiva, mas cobrou mais investimentos no setor. “Temos projetos importantes, como o de irrigação em parceria com a Emater, mas o recurso destinado à Secretaria da Agricultura é muito baixo. A agricultura é a base econômica do município, e sem ela, todo o restante também sofre. É hora de olhar para o campo com mais atenção e garantir que o agricultor tenha condições de produzir.”
Ao encerrar a entrevista, Fior deixou uma mensagem de otimismo, mas também de alerta. “Os agricultores de Ibirubá são resilientes e determinados, mas não podem continuar lutando sozinhos. Precisamos de políticas públicas consistentes, mais investimentos e, acima de tudo, valorização do trabalho no campo. A agricultura é o que sustenta a nossa economia, e o futuro do setor depende das decisões que tomarmos agora.”

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