Nas palavras de Delino Iora, conhecido como Delo, descender da família Iora não é apenas uma conexão sanguínea, mas uma ligação profunda com a construção e evolução dessa comunidade ao longo dos anos. Colonizada em sua maioria por descendentes de imigrantes italianos, a comunidade foi fundada em 1924. A história da comunidade remonta a 1920, quando os bisavôs de Delo chegaram à região, vindos de Garibaldi, na Serra Gaúcha. O ponto de chegada foi a então Colônia General Osório. Delino destaca que a escolha do nome da comunidade foi um processo colaborativo, envolvendo membros da comunidade e resultando na designação de São Sebastião como padroeiro. A construção da identidade de São Sebastião foi impulsionada pelo empenho dos primeiros colonos, entre eles Cipriano de Souza, que, mesmo não sendo italiano, desempenhou um papel crucial na recepção e acomodação dos recém-chegados. Delo ressalta que a devoção de Cipriano ao São Sebastião influenciou a escolha do padroeiro da comunidade.
O relato de Delo também destaca a construção inicial da igreja e do salão comunitário. As primeiras construções foram erguidas com esforço conjunto da comunidade, refletindo não apenas a necessidade de um local de culto, mas também a importância de um espaço para encontros e eventos comunitários.
Ao longo dos 100 anos de história, São Sebastião testemunhou mudanças e transformações, mas a fé e a solidariedade sempre estiveram no centro de sua existência. Delino Iora compartilha que a comunidade se formou a partir da união de famílias como Rebelato, Benini, Souza, e outras, que contribuíram para a construção de um ambiente acolhedor e unido. Ele destaca a tradição de associação à comunidade, inicialmente vinculada ao casamento. Essa prática, ao longo do tempo, evoluiu, mas manteve sua relevância na vida dos moradores, marcando não apenas uma adesão formal, mas um compromisso ativo com o bem-estar da comunidade.Hoje a comunidade tem cerca de 79 famílias associadas e quase metade destes sócios já moram na cidade mas mesmo assim mantém a ligação com a comunidade através da sua associação.
O início de tudo
A região, agora conhecida como São Sebastião, revelou-se propícia para a plantação de uvas, uma prática iniciada pelos migrantes italianos que encontraram terras férteis para o cultivo. O plantio de parreirais tornou-se uma prioridade, dado o apreço dos italianos pelo vinho, e as primeiras mudas foram buscadas em Boa Esperança, atualmente município de Colorado.
Rosani Weber Iora, a atual presidente da Comunidade de São Sebastião, compartilha sua experiência e destaca que, ao assumir o cargo no ano passado, tornou-se a primeira mulher presidente. Com 40 anos de dedicação à comunidade, Rosani ressalta a importância do trabalho conjunto em prol do bem comum.
Pioneiros e construtores
A convivência entre os primeiros migrantes e os residentes locais já estabelecidos foi moldada por figuras notáveis, cujos nomes ecoam como pilares fundamentais da história local. Personalidades como Cipriano de Souza, João Florêncio, Antônio Delfino, e outros, contribuíram significativamente para a formação da comunidade. A generosidade de Cipriano de Souza, em particular, se destacou, não apenas cultivando a terra, mas também auxiliando os migrantes recém-chegados a se estabelecerem na região.
Raízes na agricultura e agropecuária
Nos primeiros anos, a subsistência da comunidade tinha suas raízes na agricultura e agropecuária. O cultivo de milho, mandioca, feijão, batata-doce, e a criação de animais como porcos, galinhas, ovelhas e cabras, eram voltados principalmente para o consumo local. Esses produtos não eram destinados à comercialização, mas sim para alimentar as numerosas famílias que compunham a comunidade.
Devoção a São Sebastião
A origem do nome da comunidade remonta a um leilão entre os primeiros moradores, predominantemente católicos. Escolhendo entre quatro santos, São Sebastião foi o escolhido devido à sua reputação como um soldado honrado dedicado à defesa da religião católica. A imagem de São Sebastião, um presente de Cipriano de Souza, simboliza a devoção religiosa e a conexão histórica que moldaram a identidade da comunidade.Ela foi trazida de trem de Porto Alegre até Cruz Alta e de lá trazida de carroça até a comunidade.
Educação e cultura
A trajetória educacional de São Sebastião é marcada pela fundação da Escola Rui Barbosa em 1924, inicialmente mantida pelos pais dos alunos e posteriormente municipalizada. Além disso, a Escola Bom Princípio, fundada em 1952, reflete o comprometimento com a educação e o desenvolvimento da comunidade.
Esporte e lazer
O Esporte Clube "Águia Branca", fundado em 1956, tornou-se parte integrante da comunidade, participando ativamente de campeonatos municipais. O estádio José Salvador, doado por Genuíno Formentini e irmãos Alves de Souza, é um símbolo do comprometimento e paixão pelo esporte na comunidade.
Socialização e Cultura
A construção do primeiro pavilhão em 1956 e a fundação do Clube de Mães "Maria Dalla Nora" em 1969 destacam-se como marcos na promoção de eventos sociais e culturais. A Juventude Rumo ao Futuro, fundada em 1969, contribuiu significativamente para a vida social, esportiva e cultural da comunidade até o ano 2000.
Crescimento e infraestrutura
A implementação da rede elétrica em 1969 marcou um avanço significativo na infraestrutura da comunidade, proporcionando maior qualidade de vida aos seus habitantes. A inauguração da terceira capela em 1971, resultado do esforço conjunto liderado por Napoleão Rebelato e Padre Chico, reflete a dedicação da comunidade à vida religiosa.