Em entrevista ao jornalista Jardel Schemmer, da Rádio Cidade e Jornal O Alto Jacuí, o triatleta ibirubense Francis Hilger compartilhou sua trajetória de superação no Patagonman Xtreme Triathlon, realizado no último domingo (01) em Puerto Chacabuco, na Patagônia Chilena. Entre quase 200 competidores, Francis garantiu a 13ª posição geral, enfrentando desafios únicos em uma das provas mais extremas do mundo.
Francis começou a prova com foco claro. “Desde o início, meu objetivo era finalizar a prova, e treinei intensamente para isso. No entanto, não esperava um resultado tão excelente”, afirmou o atleta, que ficou entre os melhores, com duas mulheres figurando entre os 10 primeiros colocados.
A primeira etapa, a natação em águas geladas, foi uma das mais difíceis. “Durante a natação, enfrentei o desafio da água gelada. Saltar da balsa em meio à escuridão e mergulhar em uma água tão fria foi intimidador. A correnteza dificultou a natação e a visualização do caminho. No final da prova, meu braço esquerdo começou a ficar dormente, mas consegui finalizar, saindo da água na 80ª posição.”
Já na transição para o ciclismo, os obstáculos não pararam. “Demorei um pouco para me secar e me aquecer, já que precisava tirar toda a roupa. Eu sabia que poderia ter um desempenho melhor na bike. No início, me senti bem e comecei a ganhar posições. Porém, por volta do km 140, perdi minha garrafa de hidratação e fiquei cerca de 1:30 sem água em um momento em que o vento estava contra. Isso gerou alguns pensamentos negativos, mas continuei. Ao chegar na transição da bike para a corrida, fui informado sobre minha posição atual – havia feito o 9º pedal mais rápido. Essa informação me deu motivação, mesmo não gostando de correr sob pressão; certamente, fui além do que faria se não soubesse da possibilidade de uma boa classificação.”
Na última etapa, a corrida, o terreno foi mais um adversário. “Os primeiros 10 km foram bastante técnicos, com subidas em trilhas e atravessando rios. Segui um passo de cada vez, sem parar. No km 30, encontrei meu staff, que me atualizou sobre minha posição e me enviou mensagens de apoio para continuar.”
Além dos desafios, momentos inusitados marcaram a prova. “Antes de entrar na balsa, vi alguns atletas com cobertores térmicos. Pedi um para meu apoio, e foi a melhor decisão que tomei, pois o frio estava intenso. Acabei chamando mais dois atletas para nos juntarmos e nos aquecer. Outro momento curioso foi quando cheguei atrasado à reunião e perdi a explicação sobre o trajeto da natação. Perguntei em espanhol antes de pular, o que gerou algumas risadas.”
O apoio da esposa, Nathalia Bücker, foi essencial. “Acompanhar de perto foi uma mistura de orgulho e ansiedade. A gente percebe o quanto ele está comprometido com o esporte e como cada obstáculo na prova é uma conquista pessoal. Estar lá para apoiá-lo foi inesquecível”, relatou Nathalia.
Para o futuro, Francis já mira novos desafios. “Tenho em mente algumas provas, como o Norseman na Noruega, que é um triatlo extremo. Gosto desse tipo de competição, pois a equipe se mobiliza e a conexão com amigos e familiares é muito especial.”
Francis Hilger concluiu destacando o respeito e a organização da prova: “Essa experiência me mostrou que posso ir além e que tenho potencial. Contudo, conciliar a vida de trabalho e família com os treinos não é simples. É um momento da vida em que dedicamos nosso tempo a algo que amamos.”