21 de Novembro, 2025 07h11mEntrevistas por ANDREI GRAVE

Dos gibis ao jornalismo: Marcela relembra carreira entre redações, ensino, cooperativismo e política

Escritora construiu uma carreira marcada pelo amor à literatura, à educação e à comunicação.

Dos gibis ao jornalismo: Marcela relembra carreira entre redações, ensino, cooperativismo e política

Com raízes no meio rural de Quinze de Novembro, jornalista relembra infância marcada pelos livros, a decisão pela profissão ainda no ensino médio e a influência da família na formação pessoal e profissional

Marcela Prass Scheffler Kuhn nasceu em Quinze de Novembro, no hospital da cidade, em 1991. “Naquele tempo ainda eram feitos partos ali, e foi onde eu nasci”, relembra.

Criada na Linha Progresso, comunidade rural a poucos quilômetros do centro da cidade, Marcela viveu uma infância cercada pela natureza, mas desde cedo mostrou interesses diferentes do meio rural. “A leitura era meu hobby preferido. Minha irmã me alfabetizou com gibis da Turma da Mônica, e eu decorava as falas, associava com as letras”, conta.

Filha de Alberto e Janice, é a do meio entre os três irmãos – Michele e Fernando completam a família. Os pais sempre incentivaram os estudos e a liberdade de escolha. “Eles nunca nos forçaram a seguir na agricultura. Incentivaram o que quiséssemos fazer, sempre com foco nos estudos.”

Desde pequena, os livros eram sua companhia. “Era como as crianças hoje com o celular. Só queria ler”, brinca. O gosto pelas palavras logo se refletiu na escola. “Na Escola Menino Deus, tenho ótimas lembranças. Inclusive participei de desafios transmitidos por rádios, como o de soletração da Rádio Ibirubá. Foi marcante.”

Ela relembra com bom humor um episódio envolvendo dificuldade com a pronúncia do “R”. “Por influência da colonização alemã, eu falava ‘baragem’ em vez de ‘barragem’. Só entendi a diferença dos dois erres quando já tinha uns 14 anos. Na final do desafio de soletração, falei errado e todo mundo riu. Mas ainda venci”, conta.

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A decisão pela carreira no jornalismo veio no ensino médio. “Gostava de falar em público, de escrever, de participar da liderança de turma. Pensei: o que eu posso fazer que me permita aprender sobre tudo? O jornalismo me pareceu o caminho ideal”, explica.
Descartou a área da saúde por não se sentir à vontade com procedimentos invasivos. “Tinha pavor de sangue. Então, logo descartei odontologia e medicina”, afirma, rindo.

Ainda no ensino médio, tomou a iniciativa de procurar o Jornal O Alto Jacuí para escrever como colaboradora voluntária sobre o município de Quinze de Novembro. “Comecei a mandar matérias e crônicas. Foi ali que tive certeza de que essa era a minha vocação.”
Cursou Jornalismo na Unicruz, em Cruz Alta, onde teve como principal referência a professora Fabiana Iser. “Participei de tudo com ela: pesquisa, extensão, monitoria. Mais tarde, quando ela teve o filho, fui chamada para substituí-la durante um ano no curso. Foi uma honra.”
Durante esse período, Marcela lecionou disciplinas como redação jornalística, assessoria de imprensa e oficina de mídias digitais. “Tive alunos que até hoje me chamam de 'profe'. É uma lembrança muito bonita.”

Além da experiência acadêmica, Marcela também vivenciou um importante capítulo profissional na Coprel, onde atuou na comunicação corporativa. “Como eu já tinha lido o livro do Olavo Stefanelo, acompanhava o conteúdo e me identifiquei muito. Acho que ali eu me sobressaí”, recorda. Mesmo ainda no último ano da faculdade e com pouca experiência, foi contratada — curiosamente — quando estava sem voz. “Fiquei tão nervosa na época que perdi a voz por mais de um mês. Eu era meio atrapalhada com vídeo e rádio, mas gostava de escrever. E a Raquel confiou em mim, mesmo eu sendo inexperiente.”

Marcela faz questão de deixar registrado um agradecimento especial. “A Raquel Lazzarotto é minha grande referência profissional, uma profissional incrível e uma pessoa maravilhosa. Tenho muitas lembranças boas da Coprel, mas o que mais marcou foi o quanto aprendi com ela”, afirma. Ela também destaca que o ambiente na cooperativa funcionava como uma verdadeira escola. “Foi uma faculdade paralela. A gente fazia de tudo lá e isso me preparou para muitas situações.”

Hoje, além da carreira na comunicação, Marcela é mãe  de Valentin e casada com o ex-prefeito de Quinze de Novembro e ex-presidente da Emater/RS-Ascar, Clair Kuhn, reconhecido nome da política gaúcha. Entre a rotina profissional e familiar, segue cultivando os valores herdados do interior: simplicidade e amor pela comunidade.

 

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