Norton Luiz Lemos, ex-goleiro e atual técnico de futebol, é um nome que ressoa fortemente entre os esportistas de Santa Bárbara do Sul e Ibirubá. Com uma carreira marcada por desafios físicos e conquistas no futebol amador, Norton compartilhou sua trajetória no programa "Baú do Esporte", onde relatou desde as dificuldades da infância até seu envolvime.nto recente como técnico. Seu caminho no esporte é uma mistura de paixão, superação e dedicação ao futebol, sempre mantendo a humildade e o desejo de ajudar os colegas.
Nascido em 1971, em Santa Bárbara do Sul, Norton começou cedo a desenvolver seu amor pelo futebol, inspirado por seu pai, que também era goleiro. "Meu pai jogava no Sport Clube Ipiranga, e desde pequeno, eu o via com aquela paixão. Sempre admirei a dedicação dele", conta Norton. Contudo, sua infância foi marcada por um problema genético nos ossos, que causou diversas fraturas. "Eu quebrei o fêmur aos 12 anos durante uma brincadeira com os amigos, e fiquei meses pendurado em tratamento. Tive que me afastar dos esportes por muito tempo", relembra. O jovem Norton passou por anos de tratamento até finalmente conseguir retomar as atividades físicas.
Apesar do início tardio no futebol, Norton encontrou sua vocação no gol, seguindo os passos de seu pai. "Eu não sabia jogar na linha, mas sabia que queria estar no campo, então acabei indo para o gol", comenta. Esse foi o primeiro passo para uma longa jornada nos campos e quadras da região, onde começou a ganhar reconhecimento como um goleiro determinado. Ele destaca que, embora nunca tenha sido um craque, sempre foi comprometido com o jogo e pronto para ajudar o time, mesmo que, às vezes, como reserva. “Fui goleiro em muitos times, algumas vezes titular, outras reserva, mas o importante é que sempre estava lá, participando e aprendendo”, afirma.
Aos poucos, Norton foi conquistando espaço em times amadores da região de Santa Bárbara e Ibirubá. Mesmo com dificuldades físicas ocasionais, como uma lesão no joelho nos anos 90, ele nunca desistiu de jogar. "Tive uma lesão grave no joelho entre 1995 e 1997 e joguei pouco nesse período, mas continuei me preparando", conta. Foi em 2001, já em Ibirubá, que sua carreira esportiva tomou um novo rumo. "Vim para cá para trabalhar na Coprel, onde mandei um currículo para um estágio. Cheguei e fui bem acolhido. Lá encontrei um grupo de boleiros e voltei a jogar com frequência”, relembra. O ambiente da Coprel, conhecido por ser um "celeiro de grandes jogadores", reacendeu a paixão de Norton pelo futebol, e ele rapidamente se enturmou com o grupo, participando de campeonatos locais.
A partir desse ponto, Norton começou a se destacar ainda mais no cenário amador. Jogando pelo time Revelação, um dos mais tradicionais de Ibirubá, ele participou de várias competições. "Fui convidado pelo Marlon Anade para jogar no Revelação. Joguei alguns campeonatos, cheguei a finais e semifinais, mas nunca ganhei como jogador", recorda. Apesar das dificuldades de conseguir títulos como atleta, ele nunca perdeu o entusiasmo pelo esporte, formando laços importantes com outros jogadores da região. "Lembro de grandes nomes, como o Fabiano Souza e o Xande, que jogavam muito. A amizade que o futebol me proporcionou é o maior troféu que tenho", destaca Norton.
Em 2016, uma nova fase começou quando Norton foi convidado para ser técnico do time aspirante do Revelação. "O Paulinho Glauber, presidente do clube, me chamou e disse: ‘Quero que você treine o meu aspirante. Vamos montar um time bom’. E foi o Dani, nosso camisa 10, quem me ajudou a montar o time", conta Norton. O desafio de assumir a função de técnico foi grande, mas ele se destacou rapidamente, liderando a equipe a um título invicto com 13 vitórias consecutivas. "Fomos campeões invictos, e até hoje guardo um caderno com os nomes dos jogadores e as táticas. O time encaixou de uma forma incrível, jogávamos por música", relata, com orgulho.
Sua passagem como técnico não só marcou sua trajetória, mas também consolidou sua reputação no futebol amador de Ibirubá. "Os jogadores confiavam em mim, e a união do grupo foi a chave para o sucesso. Fizemos jantas de confraternização e criamos um espírito de equipe que, hoje em dia, é raro", destaca Norton. Ele lembra com carinho dos jogadores que fizeram parte dessa jornada vitoriosa, como o goleiro Chimia, o volante Márcio Neves e Dani. "O Dani era o maestro do time, e junto com o Abdulai e o Jaderson Nicolodi, formaram um meio-campo de respeito. Esses caras eram diferenciados", completa.
A paixão de Norton pelo futebol vai além das quatro linhas. Ele acredita que o esporte é uma ferramenta poderosa para criar amizades e manter laços duradouros. "Viajo o estado todo por causa do futebol amador, e onde quer que eu vá, as pessoas me reconhecem e me chamam pelo nome. Isso não tem preço", diz Norton, emocionado. Ele conta que já passou por situações inusitadas, como ser chamado pelo nome em um hotel em Rio Grande, dez anos depois. "Isso mostra o impacto que o futebol tem na vida das pessoas. As melhores amizades são feitas dentro de campo", reflete.
Hoje, Norton continua ativo, jogando pelos veteranos e auxiliando novos atletas como técnico. Mesmo com o passar dos anos, sua paixão pelo esporte permanece forte. "Eu nunca fui um craque, mas o futebol me deu tudo. Me deu amigos, histórias para contar e um lugar na comunidade. Não consigo largar, e acho que nunca vou", conclui. Sua trajetória de superação e dedicação ao futebol amador é um exemplo para todos que acreditam no poder do esporte.