
Advogado criminalista e vereador mais votado da cidade, Diogoassumiu o comando do Legislativo em 2025 e enfrentou embates, pressões e desafios.
Ao chegar ao mês que marca a metade de seu primeiro ano como presidente da Câmara de Vereadores de Ibirubá, Diogo Bandarro Nogueira (PL) faz uma avaliação aberta e detalhada do período. Advogado criminalista, ele assumiu a presidência em janeiro de 2025 após ser o vereador mais votado da cidade, com 737 votos, mesmo sem ter planejado ocupar esse posto logo no primeiro ano de legislatura.
“Minha ideia inicial era não assumir a presidência em 2025. Eu tinha uma extensa agenda de audiências e compromissos profissionais já marcados como advogado. Cheguei a dizer ao partido que estaria mais disponível em 2026, mas surgiu uma movimentação interna que poderia levar a uma disputa desnecessária, e a direção entendeu que eu seria um nome de consenso. Aceitei por entender que a unidade era mais importante naquele momento”, explicou.
A decisão, no entanto, teve um custo imediato: Diogo precisou se afastar da advocacia por orientação da OAB. “Foi muito difícil. Para mim, isso é uma violência institucional contra o advogado. A justificativa é que, como presidente da Câmara, eu poderia me beneficiar politicamente da visibilidade do cargo, então fui impedido de exercer minha profissão. Foi um impacto pessoal e financeiro”, relatou.
Na presidência, Diogo afirma que viveu uma verdadeira imersão no funcionamento interno da Casa Legislativa. “Hoje sou mais gestor do que vereador. Precisei entender os trâmites administrativos, a legislação, as limitações orçamentárias, tudo com muito rigor. E, claro, lidar com a responsabilidade de conduzir sessões com equilíbrio, respeitando o regimento e garantindo a palavra a todos os colegas, mesmo em momentos tensos.”
Entre os principais avanços nos primeiros seis meses de mandato, Diogo destaca a vigilância sobre o uso de diárias pelos parlamentares, com teto de R$ 18 mil anuais, e o envio do relatório de transição da gestão anterior ao Ministério Público. “O documento é técnico, não aponta culpados, mas expõe falhas administrativas que precisam ser analisadas com seriedade. Por ora, optamos por não abrir investigação interna, pois entendemos que o Ministério Público é o órgão mais apropriado para isso. Mas seguimos atentos, e o Legislativo tem prerrogativa de agir se necessário.”
Sobre a estrutura da Câmara, o presidente informou que está em estudo a criação de três novos cargos efetivos por meio de concurso público, conforme solicitado pelos servidores concursados. A proposta de criação de assessores por bancada foi descartada. “Não queremos transformar a Câmara em espaço de acomodações políticas. Precisamos de uma estrutura técnica, neutra e eficiente.”
Outro eixo da sua gestão é a modernização tecnológica da Casa. “Estamos visitando outras Câmaras, como a de Sarandi, para conhecer boas práticas. Quero implantar votação eletrônica, tablets para os vereadores e reorganizar o sistema de transmissão das sessões. Acredito que uma Câmara moderna é uma Câmara mais próxima da comunidade”, reforçou.
Diogo também destacou a relação institucional com o Executivo. Em diálogo com a prefeita e secretários, a Câmara devolveu antecipadamente parte do duodécimo, que será investido na compra de maquinário. “Foi um gesto de responsabilidade com o município e teve o apoio unânime dos vereadores. Não tem como a Câmara gastar tudo o que recebe, a devolução sempre vai ocorrer, o importante é que tenha destino definido.”
Ele reconhece que o ano de 2025 tem sido atípico em sua trajetória. “Esse é o ano em que menos atuei como vereador. Tenho ouvido muito mais do que falado, e me dedicado à gestão da Casa. Mas acredito que isso me trará preparo para, no ano que vem, retomar com força os debates, apresentar projetos relevantes e cumprir o papel que a comunidade espera de mim”, afirmou.
Diogo também reforçou seu compromisso com o respeito às instituições, à legalidade e à transparência. “Tenho aprendido muito. Tento agir com serenidade, equilíbrio e responsabilidade. Quero encerrar este ano com duas entregas principais: a modernização tecnológica e o reforço do quadro técnico da Casa. E, em 2026, voltarei a atuar politicamente com mais conhecimento e preparo.”