
Cantor, produtor, multi-instrumentista Leandro Massa completa 30 anos de carreira neste ano e conta sua trajetória nos palcos
Cantor, produtor, multi-instrumentista e há 30 anos no mundo da música. A história de Leandro Barcelos Vieira, o Leandro Massa, ultrapassou limites geográficos e é contada em diferentes palcos do Rio Grande do Sul.
Como músico profissional desde os 14 anos, Leandro teve seu primeiro contato com um violão aos sete anos.
O incentivo e a inspiração surgiu durante os almoços de domingo em família, regado a música e principalmente com a presença do seu tio, Beto Barcelos, produtor em Cruz Alta e que foi o primeiro baixista da banda Garotos de Ouro. Leandro lembra que a banda Garotos de Ouro esteve presente em toda a sua infância.
“Lembro que eles ensaiavam na sala do meu avô, que iam buscar o meu tio com a carreta. Aquilo ficou na minha cabeça, a música está no meu sangue, sempre sonhei em tocar igual o meu tio e lá se vão 30 anos”, relembra Leandro em uma entrevista exclusiva a Rádio Cidade e ao Jornal O Alto Jacuí.
Leandro teve várias passagens na banda Garotos de Ouro, concretizando seu sonho de tocar com o grupo. Muitas das participações foram para substituir outros integrantes.
Com participações em bandas como Cheiro de Paixão, Bandaia, Raça Campeira, Leandro lembra que o final dos anos 90 foram os de melhores sucessos para as bandas na região.
“A procura pelos Garotos de Ouro era tanta que o Airton, que administrava o grupo, resolveu criar o Raça Campeira, que tocava o mesmo estilo, vestia a mesma pilcha, com o mesmo som, para tocar nos lugares que os garotos não conseguiam ir”, relembra.
Além de música, Leandro também conclui no próximo ano sua formação em direito.
Uma característica peculiar entre os artistas, é que Leandro é canhoto, além de conseguir tocar instrumentos como percussão, bateria, violão, contrabaixo, guitarra e teclado.
Para ele, a passagem pelo grupo Garotos de Ouro foi uma faculdade, onde aprendeu muito e conseguiu se desenvolver.
Ele lembra que conseguiu realizar o sonho de tocar com o Bonitinho, que ainda não havia tocado, durante um show na Coxilha Nativista.
Outro cantor que inspirou a carreira de Leandro e que ele considera um “Deus do violão”, é Arthur Bonilla, que morreu em um acidente após um show no Carijo da Canção Gaúcha.
Natural de Cruz Alta, ele havia recém voltado de uma turnê internacional ao lado de Renato Borghetti.
“Um ano antes estávamos ensaiando e ele disse que nos próximo ano não estaria mais conosco. Lembro muito disso, ele tinha acabado de voltar de uma turnê na Austrália, um mundo recém ia conhecer ele. Posso dizer que o Arthur é o Deus do violão para mim”, afirma.
O trabalho nos palcos exige muita resiliência, dedicação e comprometimento. Um dos momentos marcantes para Leandro foi a perda do pai, em 1997.
Ele lembra que estava indo de Porto Alegre para Concórdia em um show, quando recebeu a notícia.
“Vim para o velório, logo depois o produtor da banda me ligou que eu poderia ficar quantos dias quisesse. Mas não, ficar não iria trazer meu pai de volta, então fui tocar. Durante o show ofereci uma música para ele e senti que ele me deu um abraço. Isso mostra que a música tem um poder imensurável, não consigo me imaginar sem o dom de tocar”, afirma.
Relação com Claudio Motta
Outro eterno ídolo de Leandro é o saudoso ibirubense Claudio Motta, da dupla Fernando e Motta. Os três, Fernando, Motta e Leandro se conheceram ainda no tempo de faculdade e em bares de Cruz Alta.
“Na época sempre conversamos e essa relação veio crescendo. Vim tocar com ele em 2012, quando voltei de Porto Alegre”, relembra.
Leandro conta que os dois produziram uma música juntos, mas que Motta escolheu não laçar.
“Ele tinha muito medo de gravar alguma coisa sem saber se teria sucesso. A partir daí começamos a conversar e em 2015 efetuamos minha entrada com eles, lembro que foi em um aniversário de 15 anos, no clube comercial”, conta.
Há oito anos Leandro toca com o grupo, denominado agora como Fernando e Banda.
A principal lembrança que ele tem de Motta é a valorização do trabalho humano e a oportunidade para que ele se lançasse na região.
“Ele foi um cara que sempre valorizou o meu trabalho, me deu a oportunidade e eu ofereci a bagagem que já tinha e ele me deu esse respaldo”, afirma Leandro, ao lembrar que Motta seria seu padrinho de casamento, mas que a esposa e o filho Miguel, estiveram ao seu lado no altar.
Uma das recordações ao lado do grupo é a primeira live no município da Pandemia, no Lago do Passo do Real em Quinze de Novembro.
Além da chuva e do sucesso que foi a live, Leandro lembra que um fato chamou a atenção deles.
“O Motta nunca cantou nos palcos, sempre cantarolava, interagia, mas nunca cantou. Mas naquele dia ele cantou para o pai dele, cantou a música “Está findando meu tempo a tarde se encerra mais cedo”. Tem coisas que não se explica, mas isso dá certeza que ele está em um lugar melhor”, lembra Leandro.
Característica única de Motta, também destacada por Leandro é o fato dele não ensaiar e não ter tempo para estudar as músicas.
“Ele era um monstro sem ensaiar, imaginava se pensasse, estudasse. Mas como ele centrava muitas coisas nele, para que nos eventos não desse nada de errado, ele não tinha muito tempo. Mas era um músico virtuoso”, afirma.
Trabalho como produtor musical
Além de músico, Leandro também atua no mercado como produtor musical. Em seu estúdio, ele recebe material de artistas e trabalha na gravação de trilhas, gravação de partes instrumentais e pista de gravação.
“O produtor musical produz o artista ou a música inteira, gravo todo o instrumental, produzo a música, o artista pode ir só cantar ou já mandar o material gravado”, explica.
Com a formação em direito, Massa também consegue prestar uma assessoria de imagem aos artistas, orientando nas questões de direitos autorais e divulgação.
Ele destaca que com a internet é possível alcançar um mercado cada vez maior.
“O meu trabalho é de entregar o artista completo para o mercado, sem precisar ficar refém de uma gravadora, pagar uma fortuna para obter sucesso. Hoje em dia você grava em um dia e amanhã pode estar no mundo todo”, afirma.
O desejo de Massa, que conta com duas músicas autorais, Por Amor e Para Sempre Seu, é gravar seus repertórios em um vinil.
Apresentações regionais
Com agenda de eventos até março do próximo ano, Massa observa que cada vez mais as pessoas estão com vontade de sair e considera Ibirubá e região, com um potencial para receber shows.
“Temos ambientes cada vez melhores aqui e a música agrega, coloca uma música de boa qualidade, com um bom repertório, os clientes vão ficar até fechar”, finaliza.