O Padre Aloísio Werlang se despede da Paróquia São Tiago de Selbach após 17 anos de serviço religioso. Ele fala sobre sua história, suas memórias na igreja, desafios enfrentados durante a pandemia e seus planos para o futuro. Ele relembra as celebrações e sacramentos que realizou na igreja, assim como sua atuação em momentos de doença e luto nas famílias da paróquia.
No silêncio da igreja, ecoam as palavras de despedida do Padre Aloísio Felipe Werlang, após 46 anos de sacerdócio e 17 anos em sua cidade natal. Nesta reportagem especial, mergulhamos na história desse homem de fé, que marcou gerações e testemunhou os desafios da pandemia.
As portas da igreja se abrem para a despedida de um ícone da fé local. Padre Aloísio recebe nossa reportagem, para uma entrevista especial. Com 71 anos, ele compartilha sua jornada desde a infância em Selbach até a decisão de seguir a vocação religiosa. "Nascido em maio de 1952, cresci como filho de pequenos agricultores. Estudei nas escolas locais e descobri minha vocação na Igreja Matriz, onde fui coroinha. Influenciado pela forte tradição religiosa de Selbach, escolhi o caminho do sacerdócio." conta.
Em 1964, partiu para Erechim, enfrentando até a grande neve, para estudar. Passou pelo seminário, cursou filosofia e teologia na PUC em Porto Alegre. Em 31 de dezembro de 1977, na Igreja Matriz de Selbach, foi ordenado padre, testemunhado pelo Bispo Dom Cláudio Colling de Passo Fundo.
A missão o levou a Carazinho, Passo Fundo e, em 1979, retornou a Selbach, onde era previsto ficar temporariamente. Em 1980, foi temporário em Colorado, mas ficou 19 anos naquela comunidade
Transferido para Montauri, município próximo a Marau aprendeu italiano e imergiu em uma comunidade de raízes italianas. Em Tapera, foi reitor em 2005 e 2006. Em 17 de janeiro de 2017, retornou a Selbach, onde permaneceu por 17 anos
A pandemia da COVID-19 desafiou a todos. Padre Aloísio celebrou missas sozinho, adaptou-se às transmissões online e valorizou a presença nas redes sociais. A doença trouxe perdas, e o padre que realizou quase 800 batizados, 130 casamentos enfrentou momentos dolorosos nos enterros restritos.
Padre Aloísio destaca a dificuldade da humanidade em aprender com os sinais dos tempos. A pandemia trouxe reflexões sobre a falta de evolução e aprendizado coletivo. Apesar das adaptações, o desejo de renovação do ser humano não se concretizou, segundo ele.
Entre as memórias, destacam-se as celebrações, a participação da comunidade, e a importância de marcar momentos de luto. Padre Aloísio encerra um ciclo, agradecendo a Deus, à diocese e à comunidade pela oportunidade de servir em sua terra natal.
Enquanto a igreja se despede de um pastor dedicado, Selbach agradece por quase cinco décadas de inspiração e liderança espiritual. A despedida de Padre Aloísio marca não apenas o fim de uma trajetória, mas o início de uma lembrança eterna na história desta comunidade.
Quando olha o lugar onde viveu os últimos anos, ele diz: ''A tranquilidade sempre foi mantida aqui na casa paroquial. Este espaço verde aqui em volta, como mencionei, foi transformado ao longo dos anos, e é um lugar onde muitas vezes venho pra relaxar, meditar e até mesmo cultivar algumas plantas'', reflete. ''Esse pátio é um refúgio para mim, e eu sempre incentivei as pessoas a aproveitarem esse ambiente também. A natureza tem uma energia incrível, e estar aqui é uma forma de encontrar paz interior. Agora, com a minha saída, espero que o próximo padre também possa desfrutar dessa atmosfera e continuar cultivando esse espaço”deseja.
Ele finaliza confessando: “A ideia é passar um tempo dedicado a cuidar de mim mesmo, recuperar a saúde e estar mais próximo da minha família. Pretendo continuar participando da comunidade como paroquiano, apoiando as atividades e, quem sabe, auxiliando em algumas funções quando estiver pronto para isso.” explica. Aloísio finaliza com uma referência a Selbach: "É uma cidade especial, com uma comunidade acolhedora, e tenho certeza de que o Padre Aldino será bem recebido. Ele traz consigo sua experiência, sabedoria e uma longa trajetória de serviço à Igreja. Espero que todos continuem a fortalecer essa união e a construir uma comunidade cada vez mais unida e solidária.” conclui.
