Um acordo de cooperação técnica e financeira foi assinado, em Ibirubá/RS, entre a Embrapa Trigo e a Cooperativa de Pequenos Agropecuaristas de Ibirubá (Coopeagri), em parceria com o IFRS Campus Ibirubá. O ato, realizado dia 29 de abril, marca o início de um projeto que visa promover inovações tecnológicas de manejo de solo em cinco propriedades rurais da região.
De acordo com o Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Faé, as tratativas para desenvolver ações levando conhecimentos da pesquisa para a agricultura familiar começaram ainda no ano passado, com a Unicafes-RS (União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária). “O projeto que construímos juntos deverá iniciar pelo solo, que é a base para amenizar impactos econômicos, sociais e ambientais decorrentes de oscilações climáticas”, conta Faé, destacando que o grupo de trabalho espera que o projeto leve a uma revolução nas propriedades dos cooperados, com maior resiliência dos cultivos frente a um clima cada mais imprevisível. “Iniciamos em Ibirubá, mas acreditamos que a parceria com a Coopeagri deverá desencadear outras iniciativas junto às demais cooperativas da Unicafes”, declara Faé.
“Temos muitas tecnologias em uso pelo produtor que não mostram todo o seu potencial devido às limitações do solo. Por isso começamos o projeto pelo manejo do solo”, explica Lecian Gilberto Conrad, presidente da Coopeagri. Segundo ele, a questão ambiental pode comprometer o social e o econômico: “Apostamos num projeto que traga inovação e sustentabilidade para os cooperados, garantindo a permanência dos jovens no campo com renda e qualidade de vida no longo prazo”.
O projeto será conduzido em cinco estabelecimentos rurais de cooperados da Coopeagri onde, em cada um deles, serão implantadas duas Unidades de Referência pareadas, uma recebendo as inovações tecnológicas e a outra mantendo o manejo utilizado pelo produtor rural. No decorrer de cinco safras agrícolas, período estimando em 24 meses, as Unidades de Referência serão monitoradas, avaliadas e comparadas entre si quanto a rentabilidade auferida, inferindo-se o potencial das inovações tecnológicas inseridas nos sistemas de produção praticados pelos associados da Coopeagri em amenizar impactos decorrentes de oscilações climáticas. Participam do projeto os produtores Carlos Floss, Djeison Hammes, Edson Sand, Nilson Conrad e Guilherme Wayhs.
O pesquisador José Eloir Denardin explica que as ações nas Unidades de Referência visam à recuperação e manutenção da fertilidade do solo; redesenho de modelos de produção capazes, não apenas de elevar a rentabilidade dos sistemas de produção mas, sobretudo, gerar renda em mais de uma safra por ano agrícola, descentralizando-a da safra de verão que é a mais suscetível aos déficits hídricos; e implementação de práticas mecânicas para disciplinar o deflúvio superficial direto. Nesse sentido, destaque será dado aos cereais de inverno, para o enriquecimento dos modelos de produção alinhados aos mercados de grãos, como panificação, confeitaria, etanol, ração animal e feno, como pastagem, silagem de pré-secado e silagem de planta inteira, inovando sistemas de produção realmente propulsores de sustentabilidade.
“As Unidades de Referência também serão utilizadas como ferramenta de capacitação de agricultores e assistência técnica da cooperativa, através de módulos teóricos e práticos, para o melhor manejo do solo nas condições regionais, dentro do sistema de produção praticado na Coopeagri”, informa o pesquisador André Amaral.
O desenvolvimento do projeto vai contar com a participação de 15 profissionais da Embrapa Trigo e Coopeagri, além das cinco famílias de produtores rurais que vão adotar as Unidades de Referência. Alunos do curso de agronomia do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS Campus Ibirubá) vão colaborar atuando junto no acompanhamento nas propriedades rurais. “A princípio, serão convidados cinco estudantes para participar dos trabalhos, um em cada propriedade. Outros professores do curso que trabalham em áreas correlacionadas também serão convidados a contribuir com o projeto”, avalia o professor Ben-Hur Campos.
As atividades serão desenvolvidas no período de abril de 2024 a fevereiro de 2026, com os resultados gerados pelo projeto divulgados em uma publicação técnica da Embrapa.